Revendas de cerveja vão investir

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O ritmo de crescimento das vendas de cervejas e refrigerantes desacelerou, mas os distribuidores terceirizados da Ambev, a maior fabricante do mercado nacional, mantêm os planos de investir neste ano. Segundo Hamilton Picolotti, presidente da Confenar, que reúne 150 revendedores no país, serão aplicados R$ 100 milhões na renovação e ampliação de frota de veículos, expansão de armazéns e tecnologia. O valor representa um aumento de mais de 60% sobre o montante investido pelas empresas em 2010.

 

"Os investimentos são para nos adequarmos aos novos patamares de volume que já existem", diz Picolotti. A capacidade dos armazéns dos associados da Confenar deve subir cerca de 20% neste ano. Segundo ele, a crise financeira mundial no fim de 2008 fez com que os empresários segurassem os planos de expansão em 2009. A recuperação econômica no Brasil, no entanto, aconteceu mais rápido do que o esperado. Em 2010 - um ano com Copa do Mundo, altas temperaturas e aumento do PIB de 7,5% - as vendas de bebidas bateram recordes, mas a estrutura logística não se expandiu na mesma velocidade. "Em 2009 e 2010 não tivemos o investimento ideal".

 

As associadas da Confenar atendem cerca de 1 milhão de pontos de venda e fecharam 2010 com faturamento aproximado de R$ 12,2 bilhões. Nem a associação nem a Ambev revelam a participação dos terceirizados nas vendas totais da companhia. Parte da distribuição é feita diretamente pela cervejaria. Segundo o Valor apurou, cerca de 50% do volume é entregue diretamente pela Ambev, mas essa fatia pode ser maior conforme a região.

 

A Ambev vem aumentando a distribuição direta, conforme indicou no balanço divulgado este mês, sem citar números. Mas com o crescimento geral das vendas, os volumes entregues pelos terceirizados também crescem. No ano passado, segundo a Confenar, a alta foi de 11%.

 

O mesmo ritmo de expansão não deve se repetir este ano. A desaceleração já começou no quarto trimestre de 2010, segundo informações do balanço da Ambev. A cervejaria informou que "o forte crescimento da indústria observado nos trimestres anteriores desacelerou principalmente devido a uma base de comparação desafiadora contra o ano anterior e a aumento de preços".

 

Agora, outros fatores concorrem para a velocidade menor no crescimento. "Há as medidas econômicas do governo [de contenção do consumo] e as chuvas que impactam na temperatura médio do ano, que deve ficar mais baixa", diz Picolotti, lembrando que o Carnaval, período em que as vendas de cerveja são tradicionalmente fortes, também foi chuvoso. "Esperamos para este ano um crescimento mais modesto, em linha com o PIB ou até abaixo", diz. A presidente Dilma Roussef disse ao Valor, recentemente, que espera um aumento do PIB entre 4,5% e 5% neste ano.

 

As fabricantes de bebidas frias - cerveja, refrigerantes e águas - trabalham ainda com um terceiro fator que pode impactar as vendas neste ano: o reajuste da tabela de preços de referência sobre o qual incidem tributos federais (IPI, Pis e Cofins). A Ambev calcula que, se a proposta do governo for sacramentada como está, a nova tabela, que não era reajustada há dois anos, sairá com um aumento médio de 17%, diz o vice-presidente de Relações Corporativas da Ambev, Milton Seligman.

 

Esse percentual de 17% está bem além do esperado pela indústria, que passou a considerar um aumento de, no máximo, 8%, quando ficou patente que o governo não aceitaria repetir a fórmula negociada em 2010: os fabricantes aumentam os investimentos em troca de carga tributária congelada. "Nós imaginávamos um teto de 8%, quase impactando os investimentos previstos para este ano", diz Seligman, referindo-se aos R$ 7,7 bilhões previstos pela indústria. Seligman tem a expectativa de que possa ser realizada ainda mais uma reunião com os técnicos da Receita Federal e que o aumento médio de 17% na tabela possa ser reduzido.

 

O setor de distribuição também se ressente da falta de mão de obra que atinge os mais variados setores da economia brasileira. Apesar disso, a Confenar prevê aumento de 7% a 8% no número de profissionais contratados pelas revendedoras, a reboque dos investimentos em ampliação previstos. Hoje, as distribuidoras terceirizadas da Ambev empregam 23 mil pessoas e têm uma frota de 16 mil veículos.

 


Veículo: Valor Econômico


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