Coca-Cola ressuscita garrafa retornável, agora em versão PET

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A lembrança de colocar garrafas de vidro na sacola para ir ao supermercado comprar refrigerante está deixando de ser só uma recordação para voltar a ser um costume, no que depender do sistema Coca-Cola no Brasil. Só que agora, em vez de vidro, a garrafa continua sendo de PET (Politereftalato de etila). A diferença é que este é retornável, ou seja: pode ser usado pelo consumidor e devolvido para a indústria até 25 vezes.
 

 
O chamado Ref Pet (do inglês "refillable pet", ou pet reutilizável, numa tradução livre) começa a ser usado agora pela Spaipa, fabricante e distribuidora de produtos da Coca-Cola para o Paraná e parte do interior de São Paulo, e pela Femsa, responsável pelo engarrafamento e distribuição no restante de São Paulo e em Minas Gerais. Nesses mercados, incluindo a Grande São Paulo, embalagens de 1,5 litro ou de 2 litros do Pet retornável vão chegar aos supermercados ainda este mês. A de 1,5 litro, por exemplo, vai custar R$ 2,49, mas só na primeira compra. As seguintes, custarão menos, por conta da troca do vasilhame: R$ 1,79 (valor sugerido). A empresa aposta que o produto atrairá principalmente os consumidores de classes mais pobres, uma vez que a bebida, em Pet comum, custa em média R$ 2,10. Economia de quase 15%.
 

 
"A classe C está crescendo e já vínhamos trabalhando para que todos os consumidores tivessem acesso à nossa linha", diz Neuri Pereira, superintendente de vendas e marketing da Spaipa, que começa a testar a nova embalagem por Bauru (SP), após investimentos de R$ 15 milhões na linha de produção da unidade que possui em Marília (SP). Com a iniciativa, a Spaipa traz de volta uma embalagem que usou em Curitiba de 1994 a 2004, mas que tirou do mercado por conta da onda de consumo de bebida em pet descartável.
 

 
Outras engarrafadoras que fazem parte do sistema Coca-Cola no país (são 17, incluindo Femsa e Spaipa) já usam o Ref Pet, que em algumas regiões do país não é novidade. "No Distrito Federal essa garrafa é usada há mais de dez anos", diz Sandra Medeiros, gerente de marketing da Brasal, a engarrafadora de Brasília. Em Campinas (SP), a Ref Pet vem sendo testada pela Femsa desde outubro. "Estamos ampliando agora a área de teste para ver como o consumidor reage", diz Paulo Macedo, diretor de relações externas da Femsa. "Não podemos prever quanto do Pet comum será substituído pelo Ref Pet. Vai depender da aceitação do público em ter espaço para guardar as garrafas em casa e de lembrar de levá-las ao mercado na hora da compra."
 

 
No México, país sede da Femsa, o Ref Pet já tem quase 60% do mercado. Se o consumidor não jogar a garrafa no lixo, há um ganho ecológico, já que poderão ser trituradas, ao final das 25 vezes, e voltar à fábrica como matéria-prima para novas pets ou outros produtos.
 

 
A garrafa é mais cara que o Pet normal e que o vidro, segundo a Femsa. Mas ao ser usada várias vezes, esse custo se paga logo nas primeiras vezes. Há outros pontos a favor do Ref Pet, também em comparação com a embalagem de vidro: ela não quebra, é mais leve e o transporte é mais simples.
 

 
O segredo da Ref Pet (que não tem nada de moderna pois surgiu antes do Pet descartável) está nas sete camadas que formam o plástico. Toda vez que volta à fábrica (ver ilustração) a garrafa passa por um processo que elimina as camadas interna e a externa, que são substituídas por outras, de "Pet virgem". "As cinco camadas internas vão e voltam. Mas a que fica em contato com o líquido e com o exterior são sempre novas", diz Macedo. Para garantir que Pets mal utilizadas não sejam usadas no processo, a Spaipa comprou um equipamento chamado "sniffer" (ou cheirador). Apelidado de Maradona pelos funcionários, o "sniffer" detecta odores estranhos (álcool, produtos químicos) e faz o descarte.
 

 
As embalagens que a Spaipa usará vêm do Uruguai. As da Femsa são fabricadas no Brasil, pela Amcor Pet Packaging. "Mas não descartamos a possibilidade de montar uma fábrica aqui, nossa, como a que existe no México, para fazer essas embalagens e reciclar outras", diz Macedo. "Tudo depende do consumidor aceitar ou não o vasilhame retornável."
 


Veículo: Valor Econômico


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