Expectativa dos produtores é que as negociações externas sejam ampliadas ao longo dos próximos anos.
O reconhecimento por parte dos Estados Unidos de que a cachaça é um produto típico e exclusivo do Brasil já está trazendo resultados positivos para os produtores de Minas Gerais. De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), somente entre janeiro e junho foi registrada alta de 13,12%, no faturamento obtido com as exportações do produto para os Estados Unidos, quando comparado com igual período do ano anterior. A expectativa é que as negociações com o mercado externo sejam ampliadas ao longo dos próximos anos.
Segundo o presidente Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), Alexandre Wagner da Silva, o aumento registrado nos embarques mineiros para os Estados Unidos já é reflexo da diferenciação da cachaça no mercado norte-americano.
"O reconhecimento foi um grande passo para o setor, isso por diferenciar a cachaça das demais bebidas presentes naquele mercado. Além disso, a atitude dos EUA abriu novas oportunidades em outros países. Esperamos que nos próximos anos os embarques sejam ampliados, um vez que temos grande potencial de produção e qualidade, e exportamos ainda um volume muito pequeno", disse.
Os dados de exportação do Mapa mostram que somente no primeiro semestre de 2012, Minas Gerais exportou 204,8 toneladas de cachaça, volume 31,2% maior que o embarcado no mesmo intervalo do ano passado, quando foram enviadas ao exterior 156 toneladas. Em igual período, o faturamento gerado com a comercialização do produto foi ampliado em 3,92%, somando receita bruta de US$ 731,8 mil.
Somente para o mercado norte-americano foram destinadas 176,39 toneladas de cachaça, volume 68,43% superior às 104,7 toneladas exportadas anteriormente. Com o aumento dos embarques o faturamento chegou a US$ 558 mil, elevação de 13,12%.
Formalização - "O aumento das exportações e do retorno financeiro são fatores essenciais para estimular a formalização dos alambiques em Minas Gerais. Somente as unidades regulamentadas, que produzem cachaça de alta qualidade e atendem as exigências estipuladas pelo Mapa estão aptas a exportar", ressalta Silva.
Outro fator que irá estimular a maior legalização dos alambiques no Estado é a redução alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que deverá ser anunciada pelo governo mineiro nas próximas semanas. De acordo com Silva, a alíquota hoje incidente é de 12% sobre o preço da garrafa será reduzida para 3% ou 4%.
"A redução do ICMS é fundamental para ampliar a competitividade da cachaça artesanal frente à industrializada. Não queremos deixar de pagar o imposto, mas sim que a alíquota seja equivalente à bebida industrializada, que possui custo de produção muito inferior quando comparada com a bebida artesanal", enfatiza Silva.
A redução do imposto e a maior oportunidade de expandir o mercado de atuação, através das exportações, irão contribuir para que a produção mineira de cachaça registre expansão neste ano.
A previsão é que a fabricação de cachaça artesanal em Minas cresça cerca de 10% em 2012. O aumento esperado se deve às boas perspectivas de mercado e às políticas criadas para estimular o desenvolvimento do setor.
De acordo com os dados Ampaq, em 2011 foram produzidos 240 milhões de litros de cachaça de alambique no Estado, que responde por 60% do volume nacional do produto, com cerca de 9 mil produtores. Desse total apenas 900 estão legalizados junto ao Ministério da Agricultura.
Congresso - Ainda segundo a Ampaq, em outubro será realizada, em Belo Horizonte, a segunda edição do Congresso Mineiro da Cachaça. A expectativa é reunir pesquisadores, professores e demais profissionais do setor para debater temas de relevância para a indústria do setor.
O evento, que acontece entre 3 e 5 de outubro, tem como objetivo ampliar a discussão sobre aspectos diversificados e relevantes sobre a cachaça, que vão desde à produção sustentável, passando pela padronização e pelo controle de qualidade e a inserção do produto no mercado internacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG