Nos últimos 12 meses, a bebida consumida dentro de casa ficou 12,97% mais cara, enquanto a consumida na rua subiu 12,58%
Os alimentos vêm sendo apontados como os vilões da inflação ao consumidor nos últimos meses. Entretanto, as bebidas também estão pesando mais no orçamento das famílias. O avanço foi superior ao do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado sugere uma antecipação do aumento de impostos sobre o produto.
Nos últimos 12 meses, a cerveja consumida dentro de casa ficou 12,97% mais cara, enquanto a cerveja consumida na rua subiu 12,58%. O avanço representa mais do que o dobro da inflação oficial no período, que acumulou uma alta de 5,24%, informou o IBGE.
"As cervejas têm aumentado muito. Parece que houve uma antecipação do aumento do imposto", avaliou Irene Machado, técnica da Coordenação de Índices de Preços do instituto.
Irene refere-se ao aumento de impostos determinado por decreto publicado em 31 de maio no Diário Oficial. À época, os fabricantes calcularam que a mudança no método de cálculo do IPI e do PIS/Cofins incidentes sobre cervejas e refrigerantes resultariam em uma elevação de 27% nos impostos sobre a cerveja e de 10% sobre os refrigerantes.
"É o maior aumento de imposto da história do País. Nunca houve um aumento de imposto tão grande", disse Alexandre Loures, diretor de Comunicação da Ambev, que detém 68% do mercado brasileiro de cerveja.
Nova tabela
A nova tabela de cálculo passa a vigorar em outubro, mas os fabricantes já começaram a repassar os custos maiores com os tributos. No Rio de Janeiro, um restaurante decidiu acalmar os ânimos dos frequentadores aborrecidos com o aumento na garrafa de cerveja, que saiu de R$ 7,00 para R$ 9,00, com cartazes colados no estabelecimento que creditavam o encarecimento a um reajuste de 18% no produto praticado pela Ambev.
Os avisos tiveram repercussão entre os clientes e a cervejaria acabou negociando com a casa um aumento menor, segundo funcionários do lugar.
A Ambev nega que tenha praticado um aumento de 18% em qualquer uma de suas marcas de cerveja. Mas a empresa confirmou que espera aumentar em 10%, em média, o preço do produto este ano, sendo que 5% seriam apenas do repasse dos impostos mais altos. Desde junho, a Ambev já aumentou em 7% o preço da cerveja. Os outros 3% serão repassados até o fim do ano.
"Conforme já havíamos anunciado, o aumento do imposto implicará em um aumento de 5% na cerveja. Mas também costumamos repassar nessa época do ano as perdas com a inflação. E agora ainda tem a pressão do câmbio, que, com o dólar subindo, aumenta muito os custos com os nossos insumos importados, como malte e lúpulo", explicou Loures.
A Agência Estado procurou os demais grandes fabricantes de cerveja do País para comentar os aumentos nos preços da bebida. O Grupo Petrópolis informou que não comenta suas estratégias em relação a preços ou impostos. A cervejaria Heineken também se negou a comentar reajustes de preços, enquanto a Schincariol não deu retorno à demanda da reportagem.
Veículo: O Estado de S.Paulo