Reação não veio e produção de cerveja recua 2% em 2013

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Após um ano de retração nos volumes de produção, as fabricantes de cerveja no Brasil entram em 2014 com comedido otimismo. Segundo dados dos Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, houve queda de 2% na produção de cerveja no país no ano passado, em relação a 2012. A Copa do Mundo deve ajudar a alavancar as vendas nos meses mais frios do ano, mas o fator determinante para ditar o ritmo do setor será a recuperação da capacidade de consumo da população ao longo do resto do ano.

Até agora, a reação não veio. Douglas Costa, diretor de mercado do Grupo Petrópolis (dono da Itaipava) diz que o mercado de cerveja sentiu o impacto da retração do consumo devido ao maior comprometimento da renda da população em 2013. "Isso faz com que disputemos 'share' do bolso do consumidor com todas as categorias de consumo", afirma.O executivo projeta expansão de 2% no mercado de cerveja em 2014, em volume. "Pode ser um pouco mais, dependendo do comportamento da economia", diz Costa.

Embora não seja o suficiente para salvar o ano, o efeito Copa do Mundo nas vendas do setor não é desprezível. Paulo Petroni, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), estima que o evento esportivo no Brasil vai representar um mês de verão extra para o setor, em termos de volume.Segundo Petroni, os três meses de verão representam historicamente 40% da produção de cervejas no ano.

A estimativa da entidade para a Copa usa como base o evento em outros países. Na África do Sul, sede da Copa em 2010, o setor de cervejas vinha crescendo a uma velocidade de 2,5% ao ano em volumes. No ano do evento, avançou 4,7%, voltando ao patamar de crescimento anterior no ano seguinte.

No Brasil, o efeito Copa não vai ser tão agressivo, porque a base de comparação é bem maior, diz Petroni. O mercado de cervejas da África do Sul corresponde a 2,5 bilhões de litros produzidos por ano, enquanto no Brasil o setor produz entre 13 bilhões e 14 bilhões de litros ao ano.

De modo geral, diz Petroni, a perspectiva para 2014 é "boa, porém limitada". Ele enxerga um cenário de estabilização do crescimento da renda. "A disponibilidade de renda deve ficar parecida com a que vimos em 2013", afirma.Na tentativa de impulsionar os volumes, as fabricantes estão segurando os preços para o verão, época em que tradicionalmente eles sobem.

Líder do mercado de cervejas no Brasil com fatia de 70%, a Ambev (dona de marcas como Skol, Antarctica e Brahma) lançou em novembro a campanha 'Verão sem Aumento' para convencer os varejistas a não subirem os preços, uma vez que a própria Ambev não o fará.O Grupo Petrópolis também diz que manterá os preços estáveis nesta época do ano.

Não bastasse a redução dos volumes, que prejudica a diluição de custos fixos, as companhias ainda tiveram que lidar com a valorização do dólar, que encareceu matéria-primas importadas como lúpulo e malte.

Em setembro, o setor conseguiu do governo federal o adiamento do reajuste da carga tributária, entre 2% e 3%, que estava previsto para vigorar a partir de outubro. O argumento usado foi de que uma elevação de preços seria desastroso para o setor - as fabricantes alegaram que não teriam como evitar o repasse dos impostos para o consumidor porque as margens já estavam apertadas.Em abril, o tema dos impostos entrará novamente na pauta de governo e fabricantes de cerveja.

Apesar do ambiente desafiador, as companhias não reduziram os investimentos. Somente a Ambev investiu perto de R$ 3 bilhões em 2013, um patamar recorde para a empresa. O único investimento segurado pela empresa no ano foi o aumento da frota de caminhões. Para do 2014, a Ambev deve elevar em até 10% seu total de veículos fixos para transporte.

A Petrópolis, por sua vez, informou que vai destinar cerca de R$ 2,2 bilhões a empreendimentos no Nordeste nos próximos cinco anos, incluindo as duas novas fábricas na região e 86 centros de distribuição na Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Maranhão.

A Brasil Kirin, dona da marca Nova Schin, investiu R$ 500 milhões no ano passado em expansão de capacidade, compra de equipamentos e automação. Para 2014, estão previstos mais R$ 500 milhões."Esses são anos de estabilização. Mas, no longo prazo, o setor aposta num crescimento forte da economia", afirma Petroni.



Veículo: Valor Econômico


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