Maior fabricante de cervejas do país, a Ambev vai ampliar em até 10% sua frota fixa de caminhões para distribuição em 2014, apostando no aquecimento da demanda no ano da Copa do Mundo. Em volume de vendas, o evento equivalerá a "um segundo Carnaval" no Brasil, estima o vice-presidente de logística da companhia, Vinicius Barbosa.

Por causa do fraco desempenho do mercado de cervejas este ano, a Ambev manteve sua frota fixa estável em relação a 2012. Dados do Sistema da Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) revelam que a produção de cerveja cai 2,4% no acumulado do ano até novembro. "Não seguramos nenhum investimento maior em infraestrutura de longo prazo, como fábrica e armazéns. Mas compra de equipamentos, que é uma coisa dentro do ano, a gente acabou segurando", afirma o executivo.

Em 2013, a Ambev se restringiu apenas a fazer a tradicional renovação de 15% dos seus carros, cuja vida útil é de, em média, oito anos. Para o próximo ano, a Ambev pretende comprar entre 300 e 400 novos veículos, em parceria com 50 operadores logísticos que trabalham exclusivamente para a empresa.

O lote novo de veículos inclui caminhões de circulação urbana - a maior parte - e carretas. "A proporção é de aproximadamente uma carreta para cada sete caminhões urbanos", disse o executivo, que citou fabricantes como MAN, da Volkswagen, e Fiat como possíveis fornecedoras.

Outros 300 veículos devem ser adquiridos pela Ambev para a renovação de parte da frota atual, que totaliza 3.750 carros fixos.

Conforme a necessidade nos períodos de pico dos negócios, como no verão, a Ambev pode acionar até 2.750 freteiros, profissionais que prestam serviço temporário para a empresa.

A mistura entre operadores fixos - quem têm contratos de longo prazo com a Ambev - e temporários é fundamental para minimizar riscos e dar margem de manobra para companhia no curto prazo, afirma Barbosa.

Com 70% do mercado de cerveja no Brasil, a Ambev se depara, todos os anos, com o desafio de tentar calibrar a operação com a proporção ideal entre fixos e temporários. Mas não há receita para o ponto de equilíbrio. Se o mercado de cervejas aquecer muito, a Ambev pode ter dificuldade em acionar os freteiros. "Eles podem ficar muito caros ou escassos", diz Barbosa. Por outro lado, a companhia não pode se empolgar demais no aumento da frota fixa. "Se o mercado for ruim, a gente arca com o custos de ter caminhão parado, como o custo da depreciação".

De modo geral, diz Barbosa, a prioridade da Ambev é sempre atender a demanda e por isso a companhia está investindo em ampliação de capacidade logística em 2014. O resultado dessa estratégia pode não ser espetacular, mas muito ruim também não será pois a Ambev já tem uma garantia de frota fixa, explicou o executivo, que entrou na companhia como trainee em 1993.

Quase toda a logística da cervejaria é realizada pelo modal rodoviário. De acordo com Barbosa, ferrovias e cabotagem correspondem a um percentual irrelevante da operação.

Este ano, embora não tenha investido em ampliação de frota, a Ambev destinou R$ 9 milhões a projetos de segurança logística. Os investimentos contemplaram ações para redução de acidentes como um sistema que desabilita o acelerador de empilhadeiras quando um pedestre se aproxima, evitando atropelamentos nos armazéns.

A companhia também instalou alarmes em todos caminhões para garantir o uso de cintos de segurança e lançou o projeto Frota Legal, em que passou a exigir treinamento de direção defensiva nos motoristas autônomos.

A preocupação com segurança, segundo Barbosa, está diretamente ligada à melhora de eficiência na operação logística da companhia. Ele exemplifica: a redução de acidentes diminui a rotatividade de profissionais e, consequentemente, os gastos com qualificação e preparação de nova mão-de-obra.

No conjunto, as ações de segurança implementadas pela empresa este ano reduziram em 45% os acidentes com afastamento do trabalho em relação a 2012.



Veículo: Valor Econômico