Para ampliar venda, Ambev segura preço no verão

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A fabricante de bebidas Ambev decidiu não aumentar os preços das suas cervejas aos varejistas neste verão, como faz tradicionalmente todos os anos. Segundo Marcelo Michaelis, diretor corporativo de preços e financeiro da Ambev, a iniciativa tem o objetivo de impulsionar o volume de vendas da companhia.


No verão passado, a quantidade de cervejas vendida pela Ambev encolheu: 8,2% em janeiro, 0,4% em fevereiro e 5% em março, em relação a igual período de 2012. E ao longo do ano, o consumidor não reagiu. Até novembro, segundo dados do Sistema de Controle de Produção (Sicobe), da Receita Federal, a queda na produção de cerveja é de 2,4%.

Para evitar que, mesmo sem o aumento no atacado o varejista suba os preços ao consumidor no verão, a Ambev lançou uma campanha chamada "Verão sem aumento". Supermercados, bares, restaurantes, casas noturnas, botecos e lanchonetes que aderirem ao movimento vão ganhar um selo da Ambev. "Não é algo impositivo. Quem manda no seu preço é o varejista. Mas sentimos que a adesão será grande", disse o executivo.

Michaelis afirmou que a Ambev tem a ambição de conseguir a adesão de pelo menos 500 mil estabelecimentos à campanha até o dia 15. Trata-se de praticamente metade de todos os pontos de vendas que comercializam cervejas da companhia no país. "Estamos confiantes de que vamos alcançar ou superar essa meta", afirmou. A campanha contempla as marcas Brahma, Antarctica, Skol, Bohemia e Original em suas embalagens retornáveis e descartáveis, de 300 ml, 600 ml e um litro.

Para Cristiano Melles, presidente da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) - que reúne redes de grande porte como McDonald's, Bob's, Pizza Hut, Giraffas, Outback e Rei do Mate -, o novo plano da Ambev é muito bem-vindo. "A estratégia de aumentar preços, para compensar perda de volume e fazer margem, é um tiro no pé", diz. Melles, que também é sócio da rede de churrascarias Pobre Juan, tem ouvido estimativas de retração do mercado de cervejas neste ano entre 6% e 7%, em relação ao ano passado.

Empresários, se puderem comprar cerveja sem aumento, não vão subir o preço ao consumidor, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de São Paulo, Joaquim Saraiva de Almeida.

Ele acredita que o movimento da Ambev, que tem cerca de 70% do mercado de cervejas no país, leve concorrentes como Brasil Kirin, Heineken e Petropólis a segurar os preços também.

Em agosto, a Ambev repassou aumento de preços próximo à inflação, na média, disse Michaelis. Durante as conversas com o governo federal que resultaram na postergação do aumento dos impostos federais incidentes sobre cerveja, previsto para outubro, os fabricantes afirmaram que um novo aumento de preços - houve um em outubro - seria desastroso para um setor que busca recuperação dos volumes, disse Michaelis. "Toda a cadeia ganha se o setor voltar a crescer. Inclusive a arrecadação aumenta".

O executivo da Ambev não quis comentar como estão as vendas da companhia neste quarto trimestre.

Segundo dados do Sicobe, o volume de produção de cerveja no Brasil caiu 3,8% em novembro, na comparação anual. Em outubro, o recuo foi de 4,7% e, no acumulado do ano até novembro, de 2,4%.



Veículo: Valor Econômico


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