Com o início do período de plantio da cevada, a Ambev volta à carga para ampliar a contratação de área no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina destinada ao cultivo da matéria-prima para a produção de malte cervejeiro em suas maltarias nos municípios gaúchos de Passo Fundo e Porto Alegre. A expectativa é garantir 70 mil hectares nos dois Estados com novos benefícios aos fornecedores, ante 50 mil no ano passado, explica o gerente agrônomo da empresa, Dércio Oppelt.
No Paraná, a Ambev compra o malte produzido pela cooperativa Agrária, de Guarapuava, a partir da cevada plantada por seus associados. Neste ano, a área naquele Estado deve crescer de 35 mil para 50 mil hectares, diz Oppelt. A região Sul é responsável por toda a produção do cereal no país. O plantio vai de maio a julho e a colheita, de outubro a dezembro.
A meta da empresa para a área dedicada à cevada, de 120 mil hectares nos três Estados, supera as projeções feitas até agora pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 109 mil hectares na região, sendo 57,2 mil no Rio Grande do Sul, 1,8 mil em Santa Catarina e 50 mil no Paraná. A Conab também estima uma produtividade média de 3,44 toneladas por hectare e uma safra de 375,3 mil toneladas.
Para estimular os produtores, porém, a Ambev está oferecendo pelo segundo ano três modalidades de precificação. Além da tabela fixa, os fornecedores podem optar pela vinculação do produto à cotação do trigo na bolsa de Chicago com fechamento do preço até o dia 23 de abril de 2015, independentemente da data da entrega física, ou ainda por um sistema de "banda" de flutuação entre um valor mínimo e máximo.
Oppelt acredita que a adesão à paridade com o trigo deve ficar entre 70% e 80% da área, ante 35% em 2013, porque os produtores podem escolher o melhor momento para travar o preço.
Os preços médios mensais do trigo na bolsa de Chicago caíram 2,02% nos últimos 12 meses até maio, mas desde dezembro houve alta de quase 10%, para um patamar próximo de US$ 7 o bushel. A tabela fixa não foi informada pela empresa, mas segundo cooperativas consultadas pelo Valor o reajuste foi de pelo menos 10% nesta safra, para R$ 560 a tonelada posta em Passo Fundo.
A Ambev espera uma produtividade média menor do que a Conab, de 2,7 toneladas por hectare, o que representa quase 190 mil toneladas na área pretendida no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nesta safra. Se confirmado, o volume será 26% maior do que o adquirido no ano passado e suprirá 73% da demanda das duas maltarias, que podem produzir 200 mil toneladas de malte por ano. O restante será importado da Argentina. No Paraná, a produção de malte pode chegar a mais 104 mil toneladas.
Além da precificação, a Ambev lançou programas de "fidelização" para aumentar a área contratada no Sul, acrescenta Oppelt. As iniciativas incluem um sistema de difusão de "melhores práticas" de cultivo observadas entre 50 produtores de ponta do país, um plano de premiações com viagens e reconhecimento aos fornecedores que tiverem melhor desempenho em itens como produtividade, qualidade e sustentabilidade das lavouras e, ainda, a disponibilização, para todos os parceiros, de dados estatísticos sobre o clima apurados pela cooperativa Agrária.
Veículo: Valor Econômico