A SABMiller considerou uma possível combinação com sua fabricante rival de cerveja Heineken em um acordo que teria reunido duas das maiores cervejarias da Europa e ainda ajudado a impedir uma oferta de aquisição da rival AB InBev.
Entretanto, o interesse do grupo de Londres foi frustrado antes que as discussões - mesmo de natureza informal - pudessem começar, com a Heineken deixando claro que não estava interessada em avaliar uma venda, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
A holandesa listada em bolsa Heineken tem sido procurada por fabricantes rivais de cerveja há anos, mas continua sendo um alvo difícil. Seus controladores - a família De-Carvalho, com uma participação de 50,1% detida por meio da Heineken Holding - não estão interessados em uma venda de um negócio de quatro gerações.
A Bloomberg News havia informado que SABMiller fez uma oferta preliminar nas últimas duas semanas e que ela foi rejeitada. [Ontem à noite, Heineken confirmou a sondagem (ver Família quer "preservar o patrimônio")].
Heineken, fabricante das marcas Amstel, Birra Moretti e Newcastle Brown Ale, tem uma capitalização de € 34,2 bilhões. Suas ações subiram 21% neste ano, enquanto sua estratégia de criação de marcas de cerveja "premium" ganha força entre consumidores e investidores.
O movimento da SABMiller vem em meio a especulações de que a AB InBev, a maior cervejaria do mundo, está à procura de um meganegócio com a SABMiller - fabricante de Peroni, Grolsch e Miller Lite.
Os quatro principais fabricantes de cerveja - AB InBev, SABMiller, Heineken e Carlsberg - são responsáveis por 49% das vendas globais de cerveja e 60% do lucro operacional, de acordo com a Bernstein Research.
Banqueiros têm dito há meses que há mais uma rodada de consolidação provável para acontecer na indústria de cerveja.
As conversas sobre aquisição aumentaram em parte porque outros setores de consumo, como alimentos, bebidas, saúde e tabaco têm visto uma retomada em fusões e aquisições.
As ações da SABMiller, a oitava maior empresa no índice FTSE 100 (que reúne as 100 principais ações da bolsa de Londres), com uma capitalização no mercado (valor total das ações em circulação) de 55 bilhões de libras, subiram 27% desde fevereiro em meio a expectativas de que a AB InBev está propensa a tentar um acordo.
Um acordo pela SABMiller permitiria à AB InBev, que fabrica marcas como Budweiser, Stella Artois e Corona, resolver seu problema de uma desaceleração do crescimento nos volumes de cerveja. Também permitiria ganhar uma posição na África e outros mercados de rápido crescimento, onde ela não tem uma forte presença.
Os dois maiores acionistas da SABMiller são Altria, grupo americano de tabaco, que tem uma participação de 27%, e a bilionária família colombiana Santo Domingo, com 15%.
Veículo: Valor Econômico