Neto de um dos quatro fundadores e presidente da quase centenária vinícola Salton há 27 anos, o empresário Ângelo Salton Neto morreu na madrugada de ontem em sua casa, em São Paulo. Aos 56 anos, ele foi vítima de um infarto, informou a empresa, a maior produtora brasileira de espumantes.
Ângelo deixa a esposa, Fátima, e quatro filhos. As filhas Stella, que hoje completa 25 anos, e Luciana, com 26 anos, já trabalham na vinícola e ocupam os cargos de gerente de comunicação e de marketing, respectivamente. Júlia, de 21, e Angelino, de 17, não atuam na empresa, que completará 100 anos de operação em 2010.
O diretor comercial Daniel Salton, 54 anos, primo de Ângelo, explicou ontem por intermédio de nota que as decisões sobre a sucessão no comando da vinícola serão tomadas no "momento oportuno". "Agora a hora é de lamento e homenagens." Ângelo foi o quinto presidente da empresa.
Não está definido se o superintendente Antônio Salton, de 70 anos, filho de um dos fundadores e tio de Ângelo e de Daniel, assumirá a presidência. Outros representantes da família na empresa são Maurício, filho de Daniel e gerente de vendas, além de Marcelo (representante), e Luciano (responsável técnico), ambos irmãos do diretor comercial. Daniela, sobrinha de Antônio, é coordenadora de comunicação para o Sul. Com tantos parentes na vinícola, o empresário revelou em sua última entrevista ao Valor, na sexta-feira, o segredo para a harmonia familiar. " Quando a empresa cresce e dá lucro, não tem briga."
Formado em engenharia mecânica e defensor incansável dos vinhos e espumantes nacionais, Ângelo começou a trabalhar na Salton em 1977 como vendedor e no fim dos anos 90, já como presidente, foi o responsável pelo início da produção de vinhos e espumantes finos. Era o mais empenhado divulgador de seu produtos, capaz de servir espumante na praia para banhistas. Ou jantar no mesmo restaurante por semanas carregando um vinho Salton só para entrar na carta do lugar, como fez no Fasano, em São Paulo.
A Salton encerrou 2008 como a maior produtora brasileira de espumantes pelo quinto ano consecutivo, com 4,7 milhões de garrafas vendidas, uma alta de 26% sobre 2007. A venda de vinhos finos somou 6,7 milhões de litros. O faturamento em 2008 alcançou R$ 180 milhões. A projeção em 2009 é de uma receita de R$ 200 milhões.
Veículo: Valor Econômico