A francesa Pernod Ricard mudou a direção da filial brasileira. Enviou para cá o financista e administrador Gilles Bogaert, 39 anos, que ingressou na sede da companhia em 1995 como auditor interno. Sucedendo Edmundo Bontempo - que depois de oito anos deixou a Pernod e se mudou com a família para os Estados Unidos -, o francês Bogaert terá a missão de aumentar a rentabilidade da empresa e fazer crescer a participação das marcas premium na receita.
A tarefa é particularmente espinhosa, levando-se em conta que a partir de 1º de outubro as fabricantes de bebidas destiladas e fermentadas (com exceção de cerveja) vão pagar mais Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), cuja tabela foi reajustada em 30%.
"São muitas mudanças de uma só vez", diz Bogaert, em um português com sotaque, assimilado depois de viver 2002 no Brasil, quando foi diretor financeiro do grupo para a América Latina. Bogaert se refere também à Lei Seca implementada em junho, que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas por motoristas. "Acredito que o mercado brasileiro tem potencial para crescer mesmo com o aumento de preços e com o maior controle sobre a ingestão de bebidas."
O uísque é o carro-chefe da companhia no Brasil, seguido pela vodca. De acordo com a Nielsen, a venda de uísque cresceu 7,5% em volume e 14,3% em valor em 2007, somando R$ 1,26 bilhão no país. Os maiores mercados da bebida são o Nordeste (40% do volume) e o Sul (21%). A Pernod Ricard disputa a categoria com as marcas Chivas, Natu Nobilis, Passport e Ballantines. Somando as quatro, registrou 48% de participação no bimestre junho-julho deste ano, contra 44,9% do mesmo período de 2007, segundo a companhia. Sua principal concorrente é a inglesa Diageo, dona do uísque Johnnie Walker e da vodca Smirnoff, ambos líderes de vendas no país.
Até hoje, a Pernod privilegiou ações de marketing envolvendo marcas regionais, como o rum Ron Montilla, a vodca Orloff e o vinho Almadén. Agora, a estratégia é focar em marcas globais, preferencialmente as de maior valor agregado, aumentando o volume de importações. O preço de uma garrafa de Chivas, por exemplo, varia de R$ 100 (12 anos) a R$ 1 mil (envelhecido 25 anos), enquanto que uma unidade de Natu Nobilis sai por R$ 20.
A meta do novo presidente é fazer do Brasil uma nova China no consumo de bebidas premium. "Nos últimos cinco anos, a China passou do 10º para o primeiro lugar na lista dos maiores mercados de Chivas", diz Bogaert, que também está animado com a possibilidade de explorar no Brasil a marca de vodca Absolut, comprada mundialmente pela empresa em julho.
A Pernod investiu este mês R$ 1 milhão no Chivas Studio, evento de degustação realizado no bairro dos Jardins, em São Paulo. "Convidamos formadores de opinião de várias áreas, de finanças à música, passando por gastronomia", diz o diretor de marketing da Pernod, Douglas Tsukimoto. Segundo ele, a verba de marketing deste ano será 20% maior, seguindo a mesma proporção do crescimento das vendas na América Latina no ano fiscal encerrado em junho de 2008. No período, as vendas no Brasil somaram R$ 350 milhões.
Veículo: Valor Econômico