O país ainda ocupa a terceira posição no ranking mundial de produção da bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China
"Beba menos, beba melhor". Esse é o lema de todos os produtores e apreciadores de cervejas artesanais. Talvez a bebida ainda remeta àquelas cervejas feitas pelas avós em casa e guardadas em garrafa pet na geladeira, porém, essa é uma história cada vez mais antiga. Há algum tempo as cervejas artesanais vem evoluindo e se industrializando. Cervejas especiais, como são chamadas por muitos atualmente, são o resultado de um mercado crescente e cada vez mais exigente, que aos poucos vem tomando o lugar das bebidas comerciais, as tradicionais pilsen.
No Brasil, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Agricultura, existem mais de 230 cervejarias em atividade, com cerca de 1.110 rótulos diferentes registrados. O país ainda ocupa a terceira posição no ranking mundial de produção da bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China. Informações do Bart-Haas Group mostram que, apenas em 2012, foram cerca de 13,7 bilhões de litros produzidos e um consumo per capita de aproximadamente 65 litros anuais. Ou seja, é inegável que o brasileiro gosta de consumir o produto.
Dentro desse grande mercado, as cervejas artesanais correspondem a menos de 1% do total de vendas, mas este é um dado que está em plena mudança. A expectativa é que ele cresça até 2% nos próximos 10 anos. Na rede varejista Pão de Açucar, por exemplo, o consumo de cervejas artesanais cresce 80% ao ano, e bares e pubs estão procurando adquirir cada vez mais novos e diferentes tipos para atrair e fidelizar seus clientes.
Alguns fatores foram essenciais para esse crescimento, avalia o empresário e dono de microcervejaria, José Pedro Duarte. "Um dos fatores que impulsionaram a aparição e crescimento nas vendas de cervejas artesanais no país foi o crescimento econômico. As pessoas começaram a viajar mais para fora, e, deste modo, tiveram a oportunidade de conhecer novos estilos de cervejas no exterior, pincipalmente nos EUA e Europa", explica Duarte, que traduz esse fato como um motivador para a abertura de novas cervejarias: "Essa mudança no paladar acabou criando investidores e empreendedores no mercado, o que impulsionou a criação de novas microcervejarias no Brasil. Hoje é muito fácil a comunicação com os produtores de outros países, e essas informações e experiências trazem muito conhecimento e crescimento para o setor."
Duarte, um dos criadores do rótulo Anhangava, que foi lançando neste semestre em três estilos diferentes, também afirma que, além de as cervejas especiais terem um líqüido mais encorpado e ingredientes diferentes em sua produção, a opção de novas escolhas ampliam a vontade de se consumir as bebidas. "Elas têm o mesmo processo de criação das comerciais, apenas em uma produção menor, mas requerem uma maior habilidade e controle visual. Isso dá a capacidade de criar, mudar os estilos e variar nos sabores, cores e aromas", destaca o empresário. A Narã, por exemplo, um dos estilos da Anhangava, é uma cerveja do tipo English IPA, produzida com lúpulos Magnum e Fuggles, com sabor forte, amargo e aroma de cravos e frutas.
Assim, o desejo do novo e diferenciado, tendo a chance de novas escolhas exclusivas, acaba se tornando o maior motivador para a degustação das cervejas artesanais. Para um país que tem a bebida como preferência nacional, aos poucos o público começa a trocar os tradicionais chopes pilsen pelo prazer em tomar cervejas especiais.
Veículo: Diário do Comércio - MG