Vinho brasileiro vence tributos e importações e amplia inserção no mercado

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                           Driblando a economia em crise, produtores conquistam ano a ano novos apreciadores da bebida em todo o país.

Obrigado a lutar com dois adversários poderosos — as importações e os tributos —, o vinho brasileiro, mesmo na economia em crise, consegue ampliar a cada ano, de forma modesta, mas crescente, a conquista do paladar dos consumidores. Isso não vem de graça. É o resultado do esforço de 22 mil famílias, 600 empresas (cooperativas e vinícolas de todos os tamanhos) e de apoiadores leais, como o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, redes de hotéis e de gastronomia, e municípios.

No Rio Grande do Sul são produzidos 92% do vinho nacional. Em 2015, por exemplo, foram comercializados 227,3 milhões de litros, uma alta de 0,9% sobre o ano anterior. Para celebrar todo esse trabalho, velhos parceiros unem novamente suas forças na data mais importante do setor: o Dia Estadual do Vinho, comemorado sempre no primeiro domingo do mês de junho.

Para promover esta 7ª edição do evento — começou ontem, e se encerra em 5 de junho —o investimento teve pouca expressão. O Ibravin aplicou R$ 600 mil. Vinícolas e associados deram sua colaboração. Os resultados, porém, devem ser bem maiores com a valorização institucional do vinho, crescimento de vendas, lotação de hotéis e grande procura pela gastronomia nos municípios envolvidos. A proposta, afirma o presidente do Ibravin, Dirceu Scottá, é “descomplicar o vinho”. A bebida, diz, não tem vínculo só com pratos caros e finos. “Vinho se bebe também com pizza, com cheeseburger, como na Europa”, disse.

Neste sentido, a crise ajudou a popularizar o vinho. Dos 227,3 milhões de litros comercializados em 2015, 206 milhões foram vinhos de mesa (preço menor, uvas americanas e híbridas). Destes, 91,5 milhões de litros saíram engarrafados. Isto é, houve expansão de 6,29% no engarrafamento sobre 2014. São vinhos com rótulo, envasados no Rio Grande do Sul, com qualidade.

“Quanto mais se envasa vinho no Estado, maior é o pagamento de impostos e mais preservada é a qualidade do vinho gaúcho”, observa Scottá. A meta do Ibravin é diminuir a venda a granel. Entre sucos de uva prontos para consumo, o RS produziu 117,7 milhões de litros em 2015, ou 30,5% a mais ante 2014. Nos espumantes, em geral, a produção de 18,7 milhões de litros no ano passado representou alta de 15,8% ante 2014.

No Brasil, a comercialização global de derivados da uva, incluindo destilados e vinagres, foi de 419,4 milhões de litros em 2015, contra 392,2 milhões do ano anterior. Cresceu 6,93%, apesar da crise. O problema, para os vinhos tranquilos, de viníferas mais nobres, é o imposto. Em 2015, o consumidor pagou 57% em tributos (federal e estadual) no preço da garrafa de vinho, mas em janeiro deste ano a carga saltou para 69%. “Justamente agora que o dólar subiu e encareceu o vinho importado, os governos anularam nossa competitividade ao aumentarem impostos”, protesta Scottá.

 



Veículo: Jornal Correio do Povo - RS


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