A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) e a Coca-Cola firmaram parceria em um programa de reciclagem que visa aumentar os investimentos destinados às cooperativas de catadores em todo o Brasil. As empresas não revelaram o montante do capital destinado ao programa, mas o foco é reduzir 22% das embalagens em aterros até 2018.
São 110 cooperativas apoiadas em todo o Brasil e 16 delas estão em Minas Gerais, espalhadas por sete cidades (Belo Horizonte, Nova Lima, Betim, Sarzedo, Raposos e Brumadinho, todas na Região Metropolitana de Belo Horizonte e Uberlândia, no Triângulo Mineiro). Gerente de relações corporativas da Ambev, Andrea Matsui explica que o programa, resultado de um ano de trabalho conjunto, foi criado com a participação da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), que fará também a operação do programa, com uma equipe de assessoria técnica.
Ela conta que a equipe irá atuar nas 110 associações de catadores que integram o programa em sua fase inicial. Os trabalhos começaram em outubro e o primeiro passo é executar um diagnóstico e plano de ação periódico e customizado para direcionar os investimentos de acordo com as necessidades de cada cooperativa. Segundo Andrea, os principais objetivos do programa são profissionalizar e regularizar cada vez mais o trabalho das organizações, aumentar o volume dos resíduos recolhidos e elevar a receita das cooperativas, aumentando, assim, a renda dos catadores. “A expectativa é de que as 110 cooperativas que fazem parte da etapa inicial do programa recebam até 25% a mais de investimentos”, diz.
O presidente da Ancat, Roberto Laureano, ressalta que o desafio de construir essa plataforma conjunta foi aceito por acreditar que os catadores serão os principais beneficiados. “Esta parceria contribuirá para avançarmos com ações de qualificação das cooperativas, especialmente na sua regularização jurídica, na melhoria da infraestrutura e na construção de melhores condições de trabalho. A união das duas empresas é uma contribuição importante para efetivar a participação das organizações de catadores na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, destaca.
Além de impulsionar os investimentos, o Reciclar Pelo Brasil pretende, segundo Andrea Matsui, colaborar com a meta do Acordo Setorial de Embalagens, que é a de reduzir, no mínimo, 22% das embalagens dispostas em aterros sanitários até o ano que vem. “A união também reforça o compromisso ambiental das duas empresas, que investem em programas de reciclagem e de apoio a cooperativas há mais de dez anos”, ressalta.
Impacto - Na visão do vice-presidente de Relações Corporativas da Coca-Cola Brasil, Pedro Rios, idealmente, nenhum componente de um produto deveria ser encarado como resíduo. “As embalagens são 100% reaproveitáveis e têm valor de mercado, ou seja, podem e devem voltar ao ciclo industrial. Trata-se de uma agenda prioritária, acima de qualquer lógica concorrencial”, observa o vice-presidente.
Para mensurar o impacto da iniciativa, a gerente corporativa toma como exemplo o Programa Ambev Recicla, que existe desde 2011 e, segundo ela, serviu de benchmark para o Reciclar. “Com ele, podemos ter uma projeção da importância e impacto positivo desse tipo de programa nas cooperativas. Em 2014 e 2015, as cooperativas de reciclagem apoiadas pela plataforma Ambev Recicla tiveram um incremento médio de 13% em sua renda. Só em 2015, quase 60% das cooperativas conquistaram um rendimento superior ao salário mínimo e 73% alcançaram uma rentabilidade maior do que a média do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)”, destaca.
Sobre a possibilidade de médio a longo prazos o percentual de redução ser maior, Andrea Matsui informa que o Programa Reciclar usa como meta os 22% de redução, definido pela Coalizão de Embalagens em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, e trabalha para atingir esse percentual. “O Acordo Setorial e a Coalizão de Embalagens vai entrar em uma segunda fase em 2018 e esse ponto será discutido novamente com o Ministério do Meio Ambiente, mas independente disso o objetivo do programa é aumentar a taxa de reciclagem no País de forma inclusiva através das cooperativas, fazendo com que elas aumentem seus índices de coleta de materiais, gerando renda para que os catadores possam viver disso, seja sua principal fonte de renda”, esclarece.
Quanto aos critérios de seleção das associações participantes, a executiva explica que houve uma junção das cooperativas que já participavam dos programas de reciclagem da Ambev e Coca-Cola separadamente. Para chegar às 110 contempladas, foram privilegiadas aquelas que se mostraram mais comprometidas e engajadas nos últimos anos. – e levado em conta a abrangência regional de cada uma para atender da melhor forma o território nacional. “O objetivo do programa é profissionalizar cada vez mais as cooperativas para que elas consigam aumentar o volume de materiais recolhidos. A atual Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada dentro do conceito de responsabilidade compartilhada entre a sociedade, a indústria e o poder público”, completa.
Fonte: Diário do Comércio de Minas