Ambev lança em janeiro leite feito a partir do coco

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A Ambev, principal fabricante de cervejas do país, dona das marcas Brahma, Skol e Antarctica, vai estrear no mercado de leite. O investimento na nova categoria vai ocorrer com sua marca de sucos, a Do Bem, a partir de janeiro de 2018. A aposta da gigante de bebidas acontece em um momento em que o setor vive uma verdadeira disputa com nomes de peso como a Coca-Cola, que em abril de 2017 comprou a mineira Verde Campo, além da francesa Lactalis e a mexicana Lala, que adquiriram nos últimos meses marcas de peso do setor como Itambé e Vigor, pertencentes ao grupo JBS.

 

Porém, a estratégia da Ambev, que comprou a Do Bem em 2016, é dar uma nova leitura para o segmento do leite. Por isso, a multinacional investe em uma versão vegetal da bebida, feita a partir do coco. É diferente das outras empresas que produzem leite a partir da vaca. Mas, para Marcos Leta, fundador da marca Do Bem, o sabor do novo produto será próximo ao leite tradicional, já que foram utilizadas tecnologias e blends específicos de fruta para deixar o sabor mais neutro.

 

O novo produto da Ambev terá fornecedores de coco da Bahia e do Ceará, os mesmos que já produzem a água de coco para a multinacional. Depois disso, a bebida é envazada nas linhas de produção no interior de São Paulo, como na unidade de Jaguariuna, onde a Ambev produz suas cervejas. Mas a ideia é transferir o envaze para a futura fábrica da companhia, em Cachoeiras de Macacu, no interior do Rio. A unidade foi comprada pela Ambev da Brasil Kirin em 2016. Ainda não há previsão de quando isso possa ocorrer.

 

— Começamos a pesquisar novas categorias de produtos no início do ano. Há um movimento das pessoas de busca por uma alimentação alternativa, sem glúten e lactose. Há procura por ingredientes naturais. O leite de vaca precisa ser atualizado. Por isso, investimentos numa versão vegetal. A ideia é que o produto feito a partir do coco substitua o feito de forma tradicional. Um desafio de leites feitos a partir do arroz, castanhas e coco é o sabor, que fica muito característico por conta de sua matéria-prima. Então, desenvolvemos um produto com sabor perto do original — explicou Leta.

 

Com lançamento previsto para o dia 6 de janeiro, a Ambev vai lançar quatro versões de leite: além do sabor original, haverá ainda as versões de baunilha, chocolate e café com leite. Serão comercializadas versões de 1 litro.

 

Desde que foi adquirida pela Ambev, a Do Bem ampliou o ritmo de lançamentos de seus produtos — hoje já são mais de 30 itens, como barras de cereal e mate — e ainda ganhou novos mercados. A marca chega no fim deste ano a dez mil novos pontos de venda espalhados por 10 estados de todas as regiões.

 

— Depois do carnaval, vamos lançar versões menores para os consumidores. Começaremos as vendas dos novos produtos no Rio e, através das redes varejistas, ampliar a distribuição para São Paulo e regiões Sul e Centro-Oeste — destacou Leta, lembrando que o preço vai oscilar entre R$ 12,99 e R$13,99.

 

O consultor Flavio Pessoa, professor do Ibmec, lembrou que a estratégia da Ambev é buscar uma diferenciação no mercado, que já tem dezenas de marcas bem avaliadas pelos consumidores.

 

— Se a companhia entrasse com leite tradicional, o esforço de marca teria de ser maior. Mas, como vem com um produto feito com outros ingredientes, consegue disputar uma parcela importante dos consumidores e ter uma margem maior, já que o preço do litro leite tradicional sai entre R$ 3 e R$ 4. E, com a entrada de novos competidores no mercado, como a Lactalis e a Lala, vamos ter com certeza uma guerra ainda maior de preços — afirmou ele.

 

O apetite pelo segmento pode ser acompanhado pelas negociações envolvendo a venda da Vigor, que pertencia ao Grupo JBS, um dos ativos mais disputados pela companhia dos irmãos Batista. Em outubro, a mexicana Lala fez uma proposta para comprar a Vigor, que também era dona de 50% da Itambé. Como, durante o processo de negociação, a Itambé ficou de fora da transação, a Lala pagou US$ 4,325 bilhões pela aquisição do negócio.

 

Por outro lado, a francesa Lactalis, dona da Parmalat, Batavo e Elegê, acabou negociando com a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais, que exerceu seu direito de preferência ao comprar os outros 50% da Itambé que pertenciam à Vigor. Assim, estima-se, segundo fontes, que o negócio da francesa tenha oscilado por volta de R$ 1,9 bilhão, acima da proposta da mexicana. Porém, na semana passada, a Vigor entrou com liminar na Justiça barrando a venda para a Lactalis.

 

— Isso mostra como o setor de leite é disputado no Brasil. O faturamento do mercado de lácteos é estimado em cerca de R$ 60 bilhões por ano. Por isso, é altamente disputado pelas grandes companhias de bebidas, como a Coca-Cola, que comprou recentemente uma empresa. É preciso ampliar o portfólio de produtos, além de cerveja, suco e refrigerantes, sobretudo, na busca de itens mais saudáveis — lembrou Pessoa.

 

 

Fonte: O Globo 


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