A elevada carga tributária tem freado o crescimento do consumo e da produção de cachaça no Brasil. A avaliação é do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), que pede a revisão dos impostos que incidem sobre o produto.
Ontem, a entidade lançou um manifesto reivindicando esta e outras medidas. “O reexame proporcionará um reaquecimento do setor, um aumento das vendas e da arrecadação para o governo”, diz o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), os impostos correspondem a 81% do valor de venda do destilado.
O diretor estima que o consumo da bebida no Brasil seja de 510 milhões de litros a 520 milhões de litros por ano, e que a produção oscile entre 700 milhões de litros e 800 milhões de litros anuais, sendo a capacidade instalada de 1,2 bilhão de litros.
Quase toda a produção brasileira é voltada para o mercado interno. No ano passado, as exportações geraram receita de US$ 15,8 milhões com o embarque de 8,7 milhões de litros, em torno de 1% da produção. Conforme Lima, esses patamares devem se manter em 2018.
No começo do ano, a atividade foi enquadrada no Simples Nacional o que, segundo ele, reduziu os impostos em torno de 40% para 500 empresas. “No entanto, o grande volume de produção vem de médias e grandes empresas”, argumenta o executivo.
A gaúcha Weber Haus está entre as beneficiadas. “Nós nos enquadramos porque os dados de exportação não entram no Simples e 38% das nossas vendas devem ser destinadas ao exterior neste ano. Nossa intenção é fechar o ano com 25%, sendo 15% no mercado interno”, diz o diretor da empresa, Evandro Weber. No ano passado a marca vendeu em torno de 300 mil litros.
Informalidade
De acordo com o presidente da Diageo, companhia britânica que detém a marca Ypióca, Gregorio Gutiérres, a tributação promove a informalidade no setor. De acordo com dados do Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há 11 mil produtores da bebida no País e em torno de 1,5 mil estão formalizados. “Quando a cachaça tiver apoio nessa questão o setor vai crescer e gerar mais empregos”, destaca.
Gutiérres avalia que há uma tendência de recuperação para 2019 e salienta o direcionamento do mercado a produtos premium. “O mercado interno é grande, embora esteja estagnado, e tem migrado para cachaças de maior qualidade”, acrescenta a diretora de produto da Pitú, Maria das Vitórias Cavalcanti.
A empresa espera produzir 95 milhões de litros, leve alta em relação ao ano passado. Segundo ela, a greve dos caminhoneiros causou a falta de insumos para envase. “Aqueles consumidores que você deixa de atender não recupera.”
A Pitú é a maior exportadora de cachaça do País e espera um crescimento de 5% nos embarques da bebida para este ano. No ano passado foram exportados 1,6 milhão de litros, sendo a Alemanha o principal mercado, seguido pelos Estados Unidos.
Fonte: DCI São Paulo