Cervejarias vendem menos e sobem preço nos EUA e na Europa

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O consumidor de cerveja dos estados Unidos e da Europa vai sentir a carteira pesar menos nos próximos meses. Isso porque as maiores cervejarias do mundo anunciaram que vão subir preço para compensar a queda nas vendas em volume tanto no mercado americano quanto no europeu.

 

Há marcas que já iniciaram os reajustes, como a holandesa Heineken. Ontem, a cervejaria informou que na primeira metade do ano vendeu 6,6% menos cerveja globalmente. Apesar disso, teve um resultado líquido de €489 milhões, bem acima dos € dos 407 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior. O segredo? Corte de custos e cerveja custando mais caro nos bares e supermercados do primeiro mundo.

 
 
Somente de janeiro a junho, a cervejaria, que é a terceira maior do planeta, conseguiu cortar € 50 milhões, por meio de um programa que envolveu demissões, o fechamento de centro de distribuição e a venda de caminhões. Fora isso, a Heineken promoveu um rearranjo de preços dos Estados Unidos ao Leste Europeu. "Fizemos aumentos em todas as regiões que atuamos e isso contribuiu para uma alta de 6,2% no crescimento de nossa receita", diz o relatório de resultados da companhia.

 

Assim como a holandesa, a Anheuser-Busch InBev também já anunciou que planeja subir seus preços na maioria dos Estados americanos, embora não tenha falado ainda em percentuais. Da mesma maneira, a rival MillerCoors, que nos EUA é uma joint venture entre Molson Coors e a SABMiller, divulgou no início do mês que também vai fazer reajustes com aumentos reais neste outono americano. AB InBev e MolsonCoors têm juntas 80% das vendas da bebida em território americano.

 

Até agora, segundo o U.S. Bureau of Labor Statistics, que acompanha preços no mercado americano, o valor médio da cerveja nos EUA já subiu 4,6% nos últimos 12 meses.

 

Segundo especialistas desse setor, o aumento de preço das maiores companhias gera, tanto nos EUA quanto na Europa, um efeito cascata nas menores e até mesmo nas cervejarias artesanais, que também acabam puxando seus preços para cima.

 

A única companhia que decidiu não participar da onda de aumentos é o Grupo Modelo, maior cervejaria do México. A empresa decidiu manter preços como estratégia para tentar recuperar suas vendas para os EUA, que tiveram queda este ano de 5%.

 

"Com exceção da Modelo, todas as grandes cervejarias estão aumentando preços para compensar a queda no volume nos mercados desenvolvidos", diz um analista da Sanford C. Bernstein, de Londres. Na Espanha, por exemplo, o mercado espera uma queda nas vendas de 13,5% em agosto. Nos Estados Unidos, os americanos já beberam 2,1% menos nas últimas 52 semanas contadas até 12 de julho, segundo o instituto de pesquisa Information Resources.

 

Nos mercados emergentes, como o Brasil, entretanto, o cenário é outro. "Os preços também estão em alta, mas geralmente no mesmo nível da inflação local, porque as pessoas continuam comprando", diz o analista da Sanford C. Bernstein.

 

Na Grande São Paulo, conforme o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o preço da cerveja entre janeiro e julho já subiu 4,53% contra uma inflação de 2,26%, em relação aos mesmos meses de 2008. Nos últimos 12 meses, a alta chega a 7,33%.

 

Adalberto Viviani, consultor do setor de bebidas, observa que os reajustes de preços de cerveja no mercado nacional têm acontecido aos poucos, a cada lançamento, nova embalagem ou até por região. "A variedade de embalagens contribui para que o preço médio da cerveja de 600 ml continue o mesmo ao longo do ano", afirma Viviani.

 

Veículo: Valor Econômico

 


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