Cade atende BRF e faz novas concessões

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Frigoríficos: Agora, Perdigão e Sadia poderão fazer comercialização conjunta de carnes in natura no país

 

A BRF Brasil Foods conseguiu ontem, autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para unir as operações de compra de insumos e de carne bovina de Perdigão e Sadia e para fazer a comercialização conjunta de carnes in natura das duas empresas. Os conselheiros aprovaram, por unanimidade, os pedidos feitos pela companhia, resultado da união entre Perdigão e Sadia.

 

Primeiro, a BRF pediu a realização da comercialização conjunta de carnes "in natura", com o objetivo de efetivar uma estratégia comercial comum nesse mercado. Com isso, as empresas poderão fazer a negociação conjunta de volumes e de preços com os clientes nas vendas de carnes de frango, suína, de peru e bovina.

 

Além disso, solicitou ao Cade permissão para fazer aquisições coordenadas de insumos (incluída aqui carne bovina) e serviços perante fornecedores. Assim, as empresas vão poder negociar compras de grãos e de outros insumos agropecuários, além de preços de fretes e de embalagens.

 

Os pedidos começaram a ser julgados em dezembro, mas o presidente do Cade, Arthur Badin, pediu vista para verificar qual a participação de ambas as empresas no mercado de carnes "in natura" no país. Elas disseram que têm menos de 10%.

 

O problema é que as autoridades antitruste não dispõem de informações precisas para checar a veracidade das informações das empresas a respeito de quanto têm no mercado de carnes. O processo está sob a análise da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda que ainda está calculando esses dados. Ontem, Badin optou por levar um voto a favor da aprovação dos pedidos.

 

"Embora comungue da dúvida, me parece razoável aceitar, com ressalva, a definição tal qual foi proposta pelas empresas", justificou. Badin lembrou que o Cade aprovou, em setembro, outro pedido da Sadia e da Perdigão para que ambas pudessem integrar as suas atividades de exportação de carnes "in natura". A justificativa, para esse pedido, foi que ele afetaria apenas as vendas para o mercado externo e, portanto, não causaria efeitos dentro do Brasil.

 

A aprovação desses três pedidos indica que o órgão antitruste passou a funcionar como uma espécie de regulador das atividades da BRF. Isso porque, em julho, o Cade assinou um acordo com as empresas pelo qual elas se comprometeram a não unir as suas plataformas industriais até a decisão final sobre o negócio. O objetivo do acordo foi preservar as estruturas das empresas em separado para que uma eventual decisão contrária à compra da Sadia pela Perdigão possa ser revertida no futuro.

 

Após a assinatura do acordo, cada passo dado pelas companhias, envolvendo uma possível união de suas operações, é notificado ao Cade para aprovação.

 

O presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, disse que "a princípio" a empresa não pretende pedir novas "flexibilizações" ao Cade. "Agora vamos buscar a aprovação [da operação]", observou. Ele afirmou ser difícil prever quando o Cade dará sua decisão final sobre o negócio, mas sua expectativa é de que o resultado saia ainda no primeiro semestre deste ano. "Nosso interesse é ter o mais rápido possível a aprovação para que as empresas possam operar juntas", acrescentou.

 

Ontem, o relator do processo no Cade, conselheiro Carlos Ragazzo, explicou que as autorizações não vão levar à união das estruturas das empresas. Segundo ele, a Sadia e a Perdigão vão apenas "coordenar a aquisição conjunta de insumos". "Elas terão de manter separadas e em funcionamento todas as atividades e estruturas comerciais e administrativas", disse. Ragazzo enfatizou ainda que as participações de ambas no mercado de carnes "in natura" é muito baixo. Daí, o aval para negociarem os produtos em conjunto.

 

A separação das estruturas das duas empresas vai ser monitorada por auditores independentes. Eles vão checar se Sadia e Perdigão cumprem as condições impostas pelo Cade.
 


Veículo: Valor Econômico


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