BNDES garante internacionalização do grupo JBS

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O braço de participações do BNDES, BNDESPar, ficou com quase a totalidade das debêntures lançadas pelo grupo JBS, operação que vai viabilizar a compra da processadora americana de frango Pilgrim"s Pride. O banco já havia garantido a compra das debêntures no final de 2009 e, diante da ausência de investidores privados, teve de cumprir a garantia. No total, a empresa arrecadou R$ 3,479 bilhões - o banco de fomento foi responsável por 99,92% deste total, ou R$ 3,476 bilhões.

 

A operação foi anunciada no final de dezembro e levada ao mercado no final de janeiro. Na primeira oferta, feita para investidores com direito de preferência, o banco ficou com 65,1% dos papéis, ao custo de R$ 2,26 bilhões. Do total de 1.303.137 debêntures subscritas naquela ocasião, o BNDES ficou com 1.302.035. Na segunda etapa, concluída na quinta-feira, apenas 66 papéis ficaram em mãos de outros investidores. O banco estatal, por sua vez, subscreveu 696.274 debêntures, a R$ 1,21 bilhão.

 

Se convertidas em ações, as debêntures darão ao BNDESPar entre 20% e 25% do capital da JBS. O banco já tem aproximadamente 19% da companhia, segundo apresentação feita pela empresa a analistas em janeiro - o banco não comentou o assunto. Em comunicado distribuído para anunciar a operação, diz que a garantia de compra de debêntures "está em linha com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), na qual o BNDES figura como importante ferramenta de execução". Nesse caso, o objetivo é criar um grande grupo global de capital brasileiro. A JBS já é a maior distribuidora mundial de proteínas animais, com operações em 23 países. Anunciou a compra da Pilgrim"s dentro de uma estratégia de diversificar os mercados de atuação, muito concentrados no segmento de bovinos.

 

O BNDESPar ainda pode emitir até R$ 4,75 bilhões em debêntures até julho, dentro do seu segundo programa de distribuição desse tipo de título de renda fixa. As operações servem não só para a instituição captar recursos, mas também para estimular o mercado de debêntures atraindo potenciais investidores para o instrumento. Em outra ação com esse propósito, na próxima semana, deve ir à diretoria do BNDES programa de R$ 10 bilhões para a instituição estimular lançamento desse tipo de título por parte de outras empresas

 

Pelo programa em preparo, o banco poderá comprar até 20% das emissões de títulos de renda fixa corporativos no mercado interno. A estimativa é de que os R$ 10 bilhões sejam usados ao longo de três anos e tenham o poder de gerar muito mais recursos para as empresas já que a participação do BNDES, de um quinto do total da emissão, incentivaria a participação de outros investidores que entrariam com os outros quatro quintos.

 


Durante seminário promovido pela Associação dos Profissionais de Investimento e Mercado de Capitais (Apimec), na sexta-feira, a superintendente de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Elizabeth Machado, esclareceu a dúvida de Carolina Barbosa, da BNDESPar, sobre novas normas da CVM e o segundo programa de distribuição de debêntures do BNDES. O programa, que prevê a emissão de até R$ 6 bilhões com validade até julho deste ano, foi registrado na CVM em 2008 e até agora a BNDESPar só lançou R$ 1,25 bilhão em dezembro.

 


Elizabeth Machado esclareceu que programas de distribuição em andamento, como é o caso da BNDESPar, não são alterados pela instrução 480, sobre registros na CVM, editada em dezembro e que entrou em vigor em janeiro. O programa em andamento deve seguir as regras de atualização de informações do prospecto pela instrução CVM 400, que trata de ofertas públicas. Esta instrução vai ser reformada este ano, mas ainda não mudou.

 

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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