Regra europeia para frango pode levar a um novo embate na OMC

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No primeiro bimestre do ano, os exportadores de carne de frango do Brasil conseguiram melhorar os preços de venda no mercado internacional, mas os volumes caíram. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), no primeiro bimestre, os embarques somaram 515 mil toneladas, 4,12% menos do que em igual período de 2009. Com a recuperação dos preços, que alcançaram US$ 1.716 por tonelada no bimestre (alta de 17,03%), a receita subiu 12,21% e atingiu US$ 885 milhões.

 

"Um processo de recuperação dos preços começa a acontecer. A melhora ou estabilidade no câmbio favoreceu um pouco", disse o presidente da Abef, Francisco Turra. Os principais mercados para o frango brasileiro foram o Oriente Médio e a Ásia, com 38% e 27% das exportações, respectivamente.

 

É esses mercados que os exportadores pretendem focar, já que as dificuldades perduram na União Europeia e na Rússia. No bimestre, as vendas ao bloco europeu recuaram 25,09%, para 67,3 mil toneladas. Para a Rússia, a queda foi de 37%, para 9.900 toneladas.

 

Além da crise financeira na Europa, a mudança na legislação sobre "fresh meat" (carne de frango fresca) é outra razão para quedas nas vendas ao bloco. A regulamentação, que entra em vigor em 1º de maio, gera dúvidas entre os importadores, que já tentam romper contratos, afirmou Adriano Zerbini, gerente de relações com o mercado da Abef.

 

A legislação determina que toda carne de frango congelada importada terá de ser vendida congelada na UE. Na prática, isso pode limitar as exportações brasileiras. Como explicou Zerbini, o Brasil só exporta carne de frango congelada para as chamadas preparações de frango e produto de frango (carne cozida). Com a mudança, ainda não está claro se a carne que for processada terá de ser congelada novamente.

 

Como a UE só produz praticamente carne de frango fresca, a Abef considera a medida protecionista. "Podemos entrar com pedido de painel na OMC (Organização Mundial do Comércio) para questionar a mudança na legislação, se couber", disse Zerbini. Segundo ele, um estudo juridíco para ver se princípios da OMC estão sendo feridos pela nova regra está em curso. Em 2009, o Brasil exportou US$ 1,2 bilhão em frango para a UE. (AAR)

 

Veículo: Valor Econômico


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