Porco na medida

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Criadores investem na carne mais fresca e em cortes que são do tamanho do consumo das famílias. Meta é elevar vendas


 
Carne de porco fresca e limpa em novos cortes na medida das famílias menores e que têm pouco tempo para preparar as refeições começam a chegar nas grandes redes do varejo de Belo Horizonte. A novidade promete apertar a concorrência com os campeões de vendas – frango e boi – como resultado de um programa de investimentos em toda a cadeia de produção da suinocultura, das granjas aos frigoríficos. A meta do setor é elevar o consumo anual por habitante em 2 quilos até 2013. Graças à arraigada cultura gastronômica mineira, são consumidos 23 quilos per capita no estado ao ano, quantidade bem superior à média nacional, de 13 quilos por habitante.

 

Tendência nos países desenvolvidos, os cortes suínos preparados na forma de porções exigem capital aplicado na criação de animais de qualidade e peso padronizados. Na indústria, estão sendo investidos recursos em maquinário, embalagens e treinamento de pessoal. As duas pontas do mercado se integraram ao Programa Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura, iniciado há dois anos em Minas, que agora chega ao comércio.

 

“O objetivo é ter muita carne e pouca gordura, em cortes adequados às necessidades do consumidor moderno”, resume João Bosco Martins de Abreu, presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg). Pelo menos dois grandes grupos de produtores de regiões tradicionais da suinocultura no estado – Alto Paranaíba, Triângulo e Centro-Oeste – se uniram para investir nessa direção. “Avançamos em genética e qualidade para atender ao consumidor, seguindo a tendência mundial”, afirma João Bosco Abreu. Envolvido no projeto, ele se juntou a outros nove suinocultores de Pará de Minas e de uma granja de Brumadinho em um investimento de R$ 6 milhões para produzir carne industrializada de boa qualidade e cortes prontos para o varejo. Cerca de 70% das obras civis do frigorífico, que vai atuar com a marca Adeel, estão prontos. Até o início de 2011, a indústria estará pronta para abater 200 animais por dia. Em Patos de Minas, a cooperativa Suinco, que já abate 800 porcos por dia, investe para chegar à produção de carne de 2 mil animais diariamente, além de oferecer o produto em novas formas de apresentação, informa Carlos Lana Júnior, superintendente da Suinco Cooperativa de Suinocultores.

 

“Não basta só gerar volumes, mas é preciso colocar a carne numa disposição mais moderna”, afirma. Para ampliar a desossa, os departamentos de resfriamento e congelamento receberão R$ 23 milhões repassado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Suinco reúne 72 cooperados, com 35 mil matrizes no Alto Paranaíba, Noroeste e Centro-Oeste de Minas.

 

“A Rede Verdemar acabou se antecipando à nova tendência dos cortes em peças pequenas, com peso entre 600 e 800 gramas”, conta o engenheiro de alimentos Marcelo Costa Rievers, gerente industrial da Bullight, central de terminação de carnes do hipermercado. “Além da nova apresentação, é um conforto para o consumidor”, diz. As peças, em pequenas porções, agradaram a procuradora Fernanda Carvalho Soares, que já consumia a carne de frango na mesma apresentação. “Faz diferença na hora de consumir e, com certeza, vou usar mais a carne de porco no cardápio”, afirma.

 

O Programa de Desenvolvimento da Suinocultura envolve uma série de ações, incluindo a divulgação dos atributos da carne, que, na visão dos produtores, enfrenta preconceito entre os consumidores, treinamento e consultoria. O orçamento do projeto no Brasil é de R$ 9 milhões. Em Minas, estão previstos R$ 450 mil.
 


Veículo: O Estado de Minas


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