Santa Catarina abre a porta para exportações de suínos

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Santa Catarina está próxima de exportar carne suína para os Estados Unidos. Com a abertura do mercado para os norte-americanos, União Europeia (UE), Japão, Coreia do Sul, Canadá e até o México podem se tornar novos compradores. Para isso, a consulta pública (norte-americana) referente ao certificado de zona livre de aftosa sem vacinação de Santa Catarina precisa ser bem-sucedida. A partir daí, o estado terá o reconhecimento sanitário desses países para vendas futuras.

 

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), cerca de 10 mil toneladas podem ser negociadas para os Estados Unidos.

 

Além de União Europeia e Japão, o México - que é um grande comprador de carne suína dos Estados Unidos - pode ser outro cliente brasileiro. Como os mexicanos compram muita carne dos Estados Unidos, Paulo Molinari, especialista da Safras & Mercado, acredita que, se Santa Catarina obtiver o certificado, o mercado brasileiro poderá ser ampliado para aquele país.

 

No entanto, Molinari faz uma ressalva: "Santa Catarina não dispõe de carne suína o suficiente para comercializar com os EUA. Se não houver disponibilidade, as fábricas da região vão redirecionar seus embarques a partir do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, para atenderem os grandes compradores, como Rússia e Hong Kong", disse. Com uma opinião diferente da Abipecs, Molinari crê que os Estados Unidos poderão importar de Santa Catarina entre 30 mil e 40 mil toneladas da produção brasileira de suínos.

 

Segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, a consulta pública norte-americana - do Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos EUA (Aphis, em inglês) e Serviço de Inspeção e Segurança alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (FSIS, em inglês) -, órgãos que recebem opiniões da população sobre os novos gastos - se encerrou na última terça-feira (15). "Agora, cabe ao país dar respostas às consultas públicas", afirmou. Neto, que também se pronunciou por meio de um site (http://www.regulations.gov/dmspublic/), constatou que as entidades agropecuárias norte-americanas apresentaram reclamações.

 

Por ano, o Brasil exporta cerca de 600 mil toneladas de carne suína. Rio Grande do Sul é o que mais embarca - média de 227 mil toneladas -, enquanto Santa Catarina vende 165 mil toneladas.

 

Santa Catarina

 

Santa Catarina conta com o certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) há três anos. Ainda assim, os EUA enviaram uma missão técnica para inspecionar a sanidade catarinense. A Coreia do Sul também visitou o estado em 2009 e a expectativa é que ainda em 2010 o país possa comprar suínos brasileiros.

 

Losivanio de Lorenzi, vice-presidente da Associação Catarinense de Criadores Suínos (Accs), contou que há boas chances de os negócios entre norte-americanos e catarinenses se concretizarem logo. Lorenzi esteve reunido com Enori Barbieri, secretário da Agricultura de Santa Catarina, e outros produtores para falar do assunto. "Eu acredito que logo os Estados Unidos darão o aval para as compras", disse.

 

Otimista em relação à Safras & Mercado e Abipecs, André Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), espera que os EUA possam embarcar média de 300 mil toneladas de suínos. "Os norte-americanos aceitaram regionalizar o Brasil, e Santa Catarina não apresenta problemas sanitários, como a febre aftosa", falou. Para Nassar, o importante é acelerar a conquista do certificado para atrair o Japão para o estado. O Japão, segundo Nassar, importa, anualmente, 1 milhão de toneladas de carne suína e, por isso, o Brasil, no geral, pode ter ganhos nas exportações.

 

No ano passado, a União Europeia visitou Santa Catarina e exigiu algumas adequações sanitárias. Agora, o estado aguarda resposta da UE sobre as solicitações. De acordo com a Secretaria da Agricultura de Santa Catarina, os problemas foram solucionados. Foram contratados 120 veterinários e feito o cadastramento de 600 produtores que fornecem suínos sem a utilização de ractopamina (promotor de crescimento nos animais).

 

Veículo: DCI


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