Pecuária de São Paulo aposta em retomada depois da crise

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A pecuária paulista, maior exportadora de bovinos do País, aposta na retomada de crescimento, depois de um cenário de crise mundial no ano passado. O otimismo é baseado na recomposição do rebanho e dos atuais preços, a quase R$ 85 a arroba (São Paulo), considerados os mais altos do ano pela Scot Consultoria. Apesar das estimativas positivas, São Paulo apresentou queda de cerca de 18% nas exportações de janeiro a junho deste ano.

 

O indicador Esalq/BM&F Bovespa da última semana apontou valorização na arroba do boi gordo de 1,6%, entre R$ 83,00 e R$ 85,00. De acordo com Maria Gabriela O. Tonini, especialista da Scot Consultoria, o atual preço agrada ao setor. "É uma recuperação de crise, e [o setor pecuário] vem crescendo aos poucos. O preço até pode cair por conta de algum problema pontual, mas a tendência é de mercado firme em 2010", afirmou Maria. Foram exportadas, de janeiro a junho deste ano, aproximadamente 297 mil toneladas equivalente carcaça (tec); enquanto no mesmo período de 2009, as exportações alcançaram 360 mil tec. Para a analista, a baixa pode estar relacionada a um problema específico de um frigorífico para outro. "É difícil superar os embarques de 2009, já que a comparação de hoje está menor. Ainda assim, a pecuária no Brasil deve ser positiva neste ano" disse. E completou: "No início deste ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA) divulgou que a exportação da pecuária brasileira poderia subir de até 20%. Acredito que isso se mantenha".

 

Segundo informações da Scot Consultoria, São Paulo é um grande centro consumidor de carne bovina. No último ano, o estado produziu cerca de 1 milhão de tec de carne bovina e, se for considerada a média brasileira, o consumo do estado foi de 1,44 milhão de tec. Ainda em 2009, São Paulo exportou em média 730 mil tec. A Scot Consultoria avaliou os dados de abate do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os números de produção de carne da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para chegar no cosumo per capita de carne bovina no Brasil.

 

Perguntada pelo DCI, em quanto poderia ser o consumo de carne bovina de São Paulo para este ano, Maria Gabriela afirmou: "É difícil estimar. A atual produção de carne ainda é considerada pequena, embora a criação passe por uma recomposição".

 

De acordo com a consultoria, São Paulo depende de outros estados e regiões brasileiras para atender ao consumo de carne bovina. Ainda de acordo com o levantamento da Scot, no último ano, o estado "importou" do restante do Brasil mais de 1,1 milhão de tec - número próximo à produção paulista.

 

"Em algumas ocasiões, São Paulo compra, aproximadamente, 70% a 80% de animais (gado) de outros estados brasileiros, como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Neste ano, principalmente, o estado vem adquirindo do Triângulo Mineiro e do sul de Goiás", afirmou Hyberville Neto, médico veterinário e analista da Scot Consultoria.

 

Potencial do frigorífico

 

De janeiro a junho deste ano, 128 países compraram carne brasileira. Em 2009, durante o mesmo período, 134 países adquiriram o produto. Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), falou que alguns fatores influenciaram, como a restrição em fazendas por parte da União Europeia e Rússia.

 

"Mas isso não preocupa. É uma questão sazonal, e eu acredito que o mercado se recupere", comentou. O País tenta negociar com os russos a redução das tarifas de importação impostas às vendas de carnes bovina, suína e de também frango.

 

Salazar destaca ainda o potencial que os frigoríficos apresentam. "Com empresas que contam com tecnologias de ponta, a pecuária sofisticada, o coeficiente total de exportação pode ser aumentado. Hoje, se exporta uma média de 28% [de carne] do que é produzido no País. Pode-se aumentar para até 35%, sem fazer grandes esforços. Mas falta política de incentivo do governo ao pecuarista brasileiro", disse. O presidente da Abrafrigo considera o segmento de frigorífico volátil, já que, em um mês a remuneração pode ser boa, enquanto no outro, ser baixa. "O ideal é que fosse estável, mas o importante é que a remuneração seja adequada".

 

A pecuária paulista aposta em retomada depois de um cenário de crise em 2009. O otimismo é baseado na recomposição do rebanho e dos atuais preços, a quase R$ 85 a arroba, considerados os mais altos do ano.

 


Veículo: DCI


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