Amendoim: o potencial de exportação

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Não fossem alguns pratos típicos que alimentam a numerosa população da China, nos quais o amendoim é um ingrediente indispensável - vide o frango xadrez -, o horizonte para a oleaginosa certamente seria bem menos promissor. Mesmo com uma impressionante produção da ordem de 13 milhões de toneladas por ano, o gigante asiático vê seu excedente exportável, que já foi de 5% do volume total, minguar a cada ano.

 

"Em dois ou três anos, a China passará a importar, o que vai alterar toda a dinâmica de preços desse mercado", afirma José Arimatea Calsaverini, superintendente da Coplana. Atualmente, os seis maiores importadores de amendoim do mundo - União Europeia, Japão, Rússia, Indonésia, Canadá e México - compram em outras fronteiras, no total, 1,6 milhão de toneladas por ano.

 

Como a expansão do cultivo de amendoim esbarra na mesma escassez de terra e água que trava outros produtos agrícolas, os Estados Unidos, dono de outro grande mercado consumidor, também estão cada vez mais próximos do equilíbrio entre oferta e demanda. Os americanos produzem 1,7 milhão de toneladas e consomem 1,6 milhão. Mesmo a Argentina, maior exportador mundial, com 600 mil toneladas de excedente, está bem próxima da estagnação da produção. "Há oportunidades muito bem definidas para desenvolver maiores volumes da 'origem Brasil'", acredita o superintendente.

 

Atualmente, o principal destino do amendoim brasileiro no exterior é a União Europeia, que compra por ano, de todos os seus fornecedores no mundo, 825 mil toneladas. Somente a Coplana embarca 16 mil toneladas para esse mercado. "Nosso principal cliente europeu, sozinho, consome 130 mil toneladas. Não exportamos mais porque não temos mais volumes", afirma.

 

É justamente de olho nesse potencial que a Coplana deu largada aos investimentos para ampliar volume e automatizar os sistemas, que ainda são, em parte, demandantes de trabalho manual. Uma nova fábrica 100% automatizada já começou a ser implantada e deverá entrar em operação em até dois anos.

 

Nessa primeira fase do projeto, a capacidade atual de 50 mil toneladas de processamento de amendoim em casca será ampliada em 20%, para 60 mil toneladas. "Mas, em cinco a sete anos, queremos avançar o processamento para 80 mil toneladas do grão em casca", diz Calsaverini.

 

O foco é crescer volume, mas também aprimorar a qualidade do grão, que hoje tem sua origem e manejo rastreados. Os 160 produtores que integram a cooperativa mecanizam a colheita e fazem o transporte do grão em casca a granel. Quando chega à Coplana, em Jaboticabal, o caminhão carregado de amendoim libera uma amostra para análise, cujas informações, como coloração e tamanho, são agregadas a um código de barras que já sai do campo com dados sobre lote de produção, variedade e defensivos aplicados, entre outras informações de responsabilidade do produtor cooperado.

 

Esse amendoim segue para um armazém climatizado em sacas de 560 quilos com os respectivos códigos de barra. "Temos o maior armazém climatizado para amendoim em sacas do mundo. De acordo com a demanda do cliente, que pode pedir grãos pequenos ou grandes, escolhemos a saca apropriada lendo as informações da etiqueta. Temos o cuidado de entregar ao cliente o amendoim com as exatas características solicitadas", diz José Arimatea Calsaverini. (FB)
 


Veículo: Valor Econômico

 


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