China vai taxar em até 105% o frango dos EUA

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Anunciada como medida antidumping, ação chega no momento que o Congresso americano começa a votar barreiras aos produtos chineses

 

A China anunciou ontem que adotará tarifas antidumping de 50,3% a 105,4% na importação de frango dos Estados Unidos, dois dias depois de o Congresso americano ter dado o primeiro passo para aprovação de projeto de lei que permite a imposição de barreiras a produtos chineses em razão do nível de desvalorização do yuan em relação ao dólar.

 

As medidas entram em vigor hoje e serão aplicadas por cinco anos, disse o Ministério do Comércio em nota divulgada ontem. Em agosto, a China já havia adotado tarifas de 4% a 30,3% sobre o frango dos EUA, depois de uma investigação ter concluído que a indústria americana foi beneficiada de maneira indevida por subsídios governamentais.

 

De acordo com a agência oficial de notícias Xinhua, a China comprou 305 mil toneladas de frango dos EUA na primeira metade de 2010, ou 89% das importações do produto.

 

O processo antidumping conduzido pelo Ministério do Comércio sustentou que os americanos vendiam frango à China em valor inferior a seu custo de produção, o que suprimiu as margens de lucro dos competidores locais. A decisão deve agravar a tensão comercial entre os dois países na véspera da votação do projeto de lei que prevê barreiras tarifárias em razão da cotação do yuan.

 

Aprovada em comitê na sexta-feira, a proposta deverá agora ir à votação no plenário. O texto dá ao governo poder para impor tarifas adicionais de importação quando os produtos forem provenientes de países que mantenham suas moedas desvalorizadas de maneira artificial.

 

Sindicatos e representantes de alguns setores da indústria americana sustentam que a cotação baixa da moeda dá aos exportadores chineses uma vantagem desleal, já que torna mais baratos os preços de seus produtos quando convertidos ao dólar.

 

Os defensores do projeto afirmam ainda que a competitividade dada pelo baixo valor da moeda levou à transferência de linhas de produção para a China, com a consequente perda de milhares de postos de trabalho nos Estados Unidos.

 

Com desemprego de quase 10% e eleições legislativas em novembro, os parlamentares são cada vez mais pressionados a agirem em relação à China, cuja moeda se valorizou menos de 2% em relação ao dólar desde que Pequim anunciou em junho que retomaria o processo de reforma de seu sistema cambial. Antes disso, o yuan ficou congelado no patamar de 6,83 por US$ 1,00 durante dois anos.

 

Grupos empresariais americanos temem que a aprovação do projeto contra o yuan desencadeie uma guerra comercial com a China, com a imposição de barreiras tarifárias a produtos americanos por um país que tem um processo decisório pouco transparente.

 

O Departamento do Tesouro dos EUA já esteve prestes a declarar a China como um país que manipula sua moeda, em relatório que seria divulgado em abril. A decisão abriria caminho para a imposição generalizada de barreiras às importações da China.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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