Ministério Público da Itália investiga sócio da JBS na Inalca

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Briga com grupo Cremonini se arrasta há meses e pode resultar na liquidação da sociedade

 

Denúncia partiu da empresa brasileira, que acusa o parceiro de alterar origem da carne para obter preço maior

 

A briga entre a JBS e o grupo italiano Cremonini, seu sócio na Inalca, foi parar no Ministério Público do país europeu, que investiga a empresa há mais de um mês.
Em agosto, o MP italiano recebeu pedido da JBS para apurar supostas irregularidades na identificação da carne vendida pela empresa.

 

A informação veio a público somente ontem, em reunião do conselho de administração da Inalca. Apesar de apenas representantes da JBS terem participado do encontro, ele foi considerado legítimo pela companhia.

 

O presidente do conselho, Marco Bicchieri -indicado pela JBS-, disse ter recebido documentos apontando que a Inalca realizava irregularidades ao identificar a carne, chegando a alterar os dados de rastreabilidade do gado.

 

De acordo com Bicchieri, os documentos mostram que a Inalca alterava a origem da carne vendida, supostamente para obter um maior valor de mercado pelo produto.
Carne de origem irlandesa, por exemplo, teria sido abatida e vendida como carne francesa, mais valorizada.

 

Outros documentos, conforme Bicchieri, mostram que bovinos engordados na França foram vendidos como animais criados na Itália, também por valor superior.

 

BRIGA PELO EBITDA

 

A suspeita da JBS é que as supostas irregularidades tenham contribuído para a melhora dos resultados da Inalca, o que pode levar a brasileira a desembolsar um valor adicional pela compra de 50% da empresa.

 

Segundo contrato de dezembro de 2007, caso o Ebitda (lucro antes de impostos, depreciações e amortizações) da Inalca supere 90 milhões neste ano, a JBS terá de pagar 65 milhões à Cremonini. E, se o Ebitda somar 65 milhões, a Cremonini pode exercer o direito de vender seus 50% na Inalca à JBS.

 

No primeiro trimestre, o Ebitda da Inalca cresceu 81% ante igual período de 2009, para 10 milhões, segundo o balanço consolidado da JBS. No trimestre seguinte, a Inalca foi retirada do balanço.

 

A JBS alega que os administradores delegados da Inalca bloqueiam o acesso de executivos indicados pelo grupo brasileiro na empresa.

 

OUTRO LADO

 

Em nota, a Cremonini confirmou que autoridades verificaram o sistema de rastreabilidade e diz que Bicchieri não possui posição na Inalca -os conselheiros indicados pela JBS foram destituídos, mas o sócio brasileiro não reconhece. Diz também que teve dados sigilosos roubados e quer esclarecer se há alguma relação entre os fatos.

 

Hoje, em assembleia de acionistas, a JBS deve pedir a destituição dos administradores delegados da Inalca. Se não houver consenso, deverá pedir na Justiça a liquidação oficial da Inalca.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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