Concentração no setor de carnes divide a cadeia produtiva

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A concentração no setor de carnes, que teve seu movimento mais intenso nos últimos dois anos com a crise econômica mundial, divide opiniões na cadeia produtiva do segmento. "A concentração mostra a potência da força do nosso país no setor. Mas tem de existir equilíbrio nesse movimento para haver a proteção ao produtor rural", afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, no evento "A Concentração na Indústria de Carnes - Consequências e Desafios", promovido ontem pela entidade em sua sede em São Paulo.

 

Segundo o coordenador de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, que representou a entidade no evento, embora houvesse um movimento intenso de fusões e aquisições no setor nos últimos anos, os 10 maiores frigoríficos do País detêm 30% do mercado nacional de abate. "Além disso, 50% dos abates no Brasil ainda ocorrem de maneira informal", disse Sampaio. "Mas não adianta nada uma indústria ter, por exemplo, 20% a 30% do mercado nacional, se um único estado é responsável por 100% dos abates", rebateu Ramalho da Silva.

 

O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Manoel Caixeta Haun, reconhece que a concentração traz alguns benefícios para o setor, mas ao mesmo tempo defende o cuidado com o produtor. "A concentração é favorável dentro do limite que não interfira e prejudique a negociação entre produtor e frigorífico. Há a necessidade de se buscar o mercado externo para a carne brasileira, - o que abre caminho para o produtor acessar esse 'novo' cliente - mas sem reprimir o mercado interno", disse.

 

Para ele, além da concentração, outro fator de preocupação nos últimos anos é o movimento intenso de recuperação judicial das empresas do setor. "A lei de recuperação judicial não pode acontecer somente para benefício da empresa e sim da cadeia produtiva. Tem frigorífico que pediu recuperação judicial e conseguiu renegociar a dívida com fornecedores em 20 anos, o que é ruim. Tem que ter uma interferência do governo na atividade produtiva, para que ninguém saia no prejuízo", disse, citando o caso do frigorífico Independência, em recuperação judicial desde maio de 2009. "O Independência deixou mais de R$ 70 milhões em débitos com credores fornecedores e só em Goiás há um produtor que tem R$ 8 milhões remanescentes para receber", declarou.

 


Veículo: DCI


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