Expectativas para o próximo ano são positivas em relação aos preços e a demanda pelas carnes bovinas
Depois de um longo período de consecutivas altas, os preços da arroba do boi gordo em Minas Gerais apresentaram queda significativa entre novembro e a primeira quinzena de dezembro. Antes avaliada entre R$ 110 e R$ 115, encerrou a primeira quinzena de dezembro em torno de R$ 92 a R$ 95, o que significa queda de no mínimo 16,36%. A tendência para os próximos meses é de equilíbrio tanto da oferta como dos preços nos atuais patamares.
Para o coordenador de Bovinocultura de Corte da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), José Alberto de Ávila Pires, a redução dos preços se deve principalmente à pressão dos frigoríficos por preços mais baixos. A redução ainda não afeta a margem ds produtores, uma vez que as condições climáticas estão favoráveis para a formação de pastagens.
A queda nos preços foi considerada atípica, isso devido ao período ainda ser de final de entressafra, onde a oferta de carne no mercado é restrita. Além disso, o mercado está aquecido devido à demanda muito firme impulsionada pelas festas de final de ano
"Os frigoríficos estão tentando derrubar os preços de arroba do boi gordo, de uma forma mais rápida do que foi o movimento de alta neste segundo semestre de 2010. Por outro lado, as boas condições climáticas atuais (chuvas e calor) estão sendo favoráveis ao pleno desenvolvimento das pastagens, em todo o Estado de Minas Gerais. O que favorece a rentabilidade dos produtores", avaliou.
A pastagem é o principal alimento dos bovinos nesta época do ano e as perspectivas de formação são boas para todo o período de safra, que vai de janeiro a julho de 2011.
Mercado - Com a perspectiva de pastagem de alta qualidade e volume superior poderá ocorrer por parte do pecuarista uma retenção de boi gordo no pasto, o que poderá trazer um equilíbrio da oferta e da demanda por carne bovina no mercado, e estabilização os preços da arroba do boi gordo.
"Devido às condições favoráveis para a manutenção dos animais nas fazendas produtoras, os pecuaristas podem reter os bovinos para ganhar maior poder de negociação e preços mais rentáveis. A postura pode ser positiva uma vez que o rebanho mineiro, composto por cerca de 22,5 milhões de cabeças, se manterá equilibrado em número de animais", disse Ávila Pires.
Segundo levantamento semanal feito pela Emater, em Minas Gerais as cotações da arroba do boi gordo apresentam valores diferenciados em várias regiões do Estado. Para pagamentos com 30 dias e livre do frete e Funrural, os preços entre 2 e 8 de dezembro de 2010 nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba foram de R$93 e R$96; no Noroeste de R$95 a R$98; no Norte de Minas de R$ 92,50 a R$ 96 e no Rio Doce e Mucuri variaram entre R$ 88,50 e R$ 92,50.
As expectativas para o próximo ano são positivas em relação aos preços e a demanda pelas carnes bovinas. Porém a rentabilidade dos pecuaristas poderá ser comprometida caso ocorram aumentos nos preços dos bezerros para recomposição dos rebanhos.
Bezerros - De acordo com Àvila Pires, ao contrário da forte pressão de baixa para os preços de arroba do boi gordo, as cotações do bezerro de corte seguem praticamente estáveis. Em Minas Gerais o valor no período foi de R$ 720, em Uberaba, e R$ 690, em Unaí.
O recuo dos preços da arroba do boi gordo poderá tornar desfavorável, para o comprador de bezerro a conhecida relação de troca boi gordo/ bezerro. Ávila Pires explicou que para uma normalidade das vendas do boi gordo, a relação de troca boi gordo/bezerro, deveria ser de uma compra de 2,7 a 2,8 bezerro por venda boi gordo (16 e 17 arrobas de boi gordo dividido por seis arrobas de bezerro).
"Quando a relação de troca fica desfavorável para o comprador de bezerros há uma retenção natural de boi gordo no pasto, buscando fazer através de um boi gordo mais pesado uma relação de troca mais favorável, pelo menos próxima a 2,5 bezerros adquiridos por boi gordo vendido. Logicamente, esta é outra causa de retenção de boi gordo no pasto e alta para os preços da carne bovina, para o consumidor final", disse Pires.
Ainda segundo o coordenador da Emater, o custo com as compras de bezerros é o fator que mais pesa nos custos totais de produção do boi gordo. "Bezerro de corte mais caro significa custo alto na produção de boi gordo para abate e, conseqüentemente, preço elevado da carne bovina para o consumidor final", avaliou.
O mercado futuro, segundo as informações da Emater, ainda busca uma definição de preços para o período de safra do boi gordo para abate, que vai de janeiro a junho, com uma maior concentração de oferta para os meses de abril a junho. No contrato do boi gordo posto em São Paulo para fevereiro e abril de 2011 a arroba está avaliada em R$ 95,16 e R$ 91,01, respectivamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG