Alta dos custos no decorrer de 2010 deve-se a investimentos no setor.
O Custo Operacional Total (COT) e o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária de corte em Minas Gerais subiram significativamente ao longo de 2010. De acordo com pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o COT no Estado registrou aumento de 17,05% e o COE encerrou o ano anterior 19,33% mais caro que 2009.
No mesmo período também foi registrada valorização nos preços do boi gordo, que contribuiu para reduzir os impactos do aumento dos custos. A arroba encerrou o ano com aumento de 36,08% no Estado.
A média nacional, calculada através da avaliação dos resultados de 10 Estados produtores, entre eles Minas Gerais, o COT teve aumento de 20,9% e o COE, de 21,9%. Em relação aos preços, na média brasileira a arroba apresentou crescimento superior aos custos, encerrando o ano passado com alta de 40,4%.
Na avaliação do médico-veterinário e analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, a alta significativa dos custos registrada no decorrer de 2010 se deve principalmente ao aumento da demanda por carnes, o que está incentivando os investimentos na recomposição do rebanho bovino.
De acordo com o relatório, o COT e o COE subiram de janeiro a novembro de 2010, sendo registrado recuo apenas em dezembro. No período o COT caiu 1,07% e o COE teve redução de 1,3%. Segundo os dados do Cepea, as empresas de insumos acompanharam a forte recuperação nos preços da arroba e reajustaram os preços de seus produtos.
Sal - Dessa maneira, o COT foi impulsionado, principalmente, pela valorização do sal mineral que ficou 15% mais caro de janeiro a dezembro de 2010. O produto representa cerca de 21,22% do COT. Na avaliação dos pesquisadores do Cepea, a alta nos preços do sal pode estar atrelada à demanda. A forte seca registrada em meados de 2010 impulsionou as vendas do sal, como forma de complementar a alimentação do animal.
Segundo Hyberville Neto, a tendência para 2011 é de manutenção da alta dos custos, principalmente no caso do sal mineral. "A tendência é que a demanda pelo produto continue aquecida, o que favorece a manutenção dos preços em níveis altos", disse Neto.
Outro insumo que apresentou alta foi a semente forrageira, que tem participação de 2,33% na formação do COT. A valorização ficou em 37,51% no acumulado do ano. A alta significativa na semente se deve ao grande volume de chuvas no período de plantio e de colheita, que ocasionou quebrou de safra.
No acumulado do ano passado também foi apontado incremento significativo no bezerro, que elevou os gastos de produtores de recria, recria-engorda e confinadores. De janeiro a dezembro de 2010, o valor do bezerro acumulou alta próxima a 20%. O insumo representa cerca de 30% dos custos do boi gordo.
Em 2010, a alta dos custos de produção na pecuária de corte também foi influenciada pelo encarecimento da mão de obra, que corresponde a 22,65% dos custos. O item sofreu reajuste de 9,68%, devido ao aumento do salário mínimo.
Segundo a equipe de pesquisa do Cepea, os maiores gastos dos pecuaristas continuam sendo com a suplementação mineral, a reposição de animais e a mão de obra. Considerando o histórico de preços, esses três itens sempre se alteram como o que mais pesa no bolso do produtor.
Veículo: Diário do Comércio - MG