Frango e boi sobem, mas suíno despenca

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Substituto da carne bovina, por ser uma proteína mais barata, o frango registra preços firmes desde o fim do ano passado, apesar da produção crescente. "Se não fosse o boi, o frango tinha morrido afogado por causa do milho", afirma José Carlos Godoy, secretário executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco), referindo-se à alta do grão.

 

De fato, a valorização da arroba do boi gordo - repassada para a carne bovina - acabou contribuindo para o aumento do preço do frango vivo, que está no patamar de R$ 2,10 o quilo no interior de São Paulo, segundo levantamento da Jox Assessoria Agropecuária. O preço, recorde, foi registrado inicialmente em dezembro do ano passado.

 

O preço mais alto do frango reduziu o impacto da forte alta do custo de produção, estimado hoje em R$ 2,00 por quilo, segundo Godoy. Ainda que a produção de frango tenha crescido, ele afirma que a oferta está equilibrada com a demanda, por isso as cotações estão firmes.

 

Os últimos dados disponíveis sobre a produção de pintos de corte no país mostram que em novembro o alojamento de aves totalizou 511,5 milhões de cabeças, 10,5% acima de igual mês um ano antes. A produção de carne de frango em todo o ano passado aumentou quase 12%, para 12,312 milhões de toneladas, de acordo com a Apinco.

 

A alta do boi não teve o mesmo o efeito para o mercado de suínos, que enfrenta forte elevação nos custos e redução nos preços. "O começo do ano é ruim para os suínos. As exportações não vão bem porque há congelamento de portos na Rússia e acaba sobrando [produto] no mercado interno numa época [verão] em que não se consome muita carne suína", explica Oto Xavier, da Jox.

 

Menos afetado pela alta dos grãos - insumos mais usados no período de entressafra pela pecuária -, o boi gordo também segue com preços de estáveis para firmes, ainda que o consumo de carne bovina não seja dos mais aquecidos atualmente.

 

No interior de São Paulo, a arroba do boi pouco oscilou desde o início deste ano. Para José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, ainda não está claro se a razão para os preços firmes é a escassez de gado porque a oferta se recupera mais lentamente do que o previsto ou a retenção de animais por parte de pecuaristas, aproveitando as boas condições das pastagens.

 

Alex Lopes, da Scot Consultoria, acredita que o motivo para o mercado não ter perdido fôlego, apesar da safra e do consumo tímido, é a menor oferta de bois.

 

Segundo Lopes, a alta da carne bovina fez consumidores buscarem cortes mais baratos, como os de dianteiro. Como reflexo desse cenário, o traseiro avulso saiu de R$ 8,30 o quilo no atacado no começo do ano para R$ 7,50 atualmente. Já o dianteiro, mais demandado, saiu de R$ 4,50 o quilo para R$ 5,20 na mesma comparação.

 


Veículo: Valor Econômico


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