Bacalhau: cuidado com os ‘genéricos’

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A Páscoa se aproxima e o consumidor tem de estar atento para não ser enganado na compra de um dos produtos típicos da época, o bacalhau. Um grupo de pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) concluiu que diversos outros peixes salgados, mas de menor qualidade e preço, são vendidos como se fossem bacalhau nos mercados, Até mesmo disfarçados entre uma lasca e outra de bacalhau nas bandejas.

 

Segundo a engenheira química especializada em ciência de alimentos que coordena o grupo, Lea Sant’Ana, é comum a mistura de pedaços de peixes salgados como o Ling, o Zarbo e Saithe, que assim como o bacalhau passam por um processo industrial que o deixa salgado, assim como o bacalhau.

 

O legítimo bacalhau, porém, é da família Gadus. O popularmente conhecido como Bacalhau do Porto (Gadus mohrua) é tido o mais nobre.

 

Os estudos começaram em 2000. Uma das diversas pesquisas do grupo comprovou em testes de laboratório que 50% das cerca de 40 amostras analisadas não eram de bacalhau. Todas eram vendidas como se fossem bacalhau na bandeja cortado em lascas.

 

Visitando supermercados, os pesquisadores detectaram ainda que os outros peixes salgados são vendidos como “tipo de bacalhau”, quando não são.

 

O chef do restaurante A Bela Sintra, Valderi Gomes, afirma que o problema já é conhecido de quem trabalha com bacalhau. O restaurante já chegou a mandar parte de encomendas de volta para o distribuidor ao perceber que não haviam comprado o bacalhau verdadeiro.

 

A dica dada por Gomes é reparar no rabo do peixe, que tem a ponta mais comprido do que a dos seus “genéricos”. Quando é vendido em lascas, fica mais difícil. “Percebemos na hora do preparo a diferença. Ele não é tão gostoso quando o bacalhau tradicional. Para o consumidor que não é especialista, fica bem mais difícil perceber.

 

No bolso
A irregularidade na venda do bacalhau se reflete no bolso do consumidor, que acaba levando “gato por lebre”.

 

Segundo a advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Mariana Ferreira Alves, a venda de outros peixes no lugar do bacalhau pode desrespeitar o Código de Defesa de Consumidor de diversas formas.

 

Pode ser considerada uma prática abusiva, que se aproveita da falta de conhecimento técnico do consumidor, além de haver um vício de qualidade do produto e de publicidade enganosa — quando há encartes informando sobre a venda, por exemplo.

 

O JT contatou ontem algumas lojas e constatou a diferença de até R$ 15 no quilo de diferentes produtos. No mercado Pão de Açúcar da Alameda Santos, nos Jardins, o bacalhau tipo do Porto é vendido por R$ 32,90 o quilo. O Zaro e o Saithe custam respectivamente R$ 23 e R$ 19,50.

 

O supermercado Extra da Rua Ibirarema, na Saúde, vendia o quilo do Saithe a R$ 17,90, do Zarvo, R$ 18,90, Porto, R$ 29,90 e Imperial, R$ 31,90 na promoção de quarta-feira. No Carrefour do bairro Casa Verde, os preços variam entre R$ 29 e R$ 35.

 

Veículo: Jornal da Tarde


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