Exportações de frango crescem, mas câmbio e custo preocupam

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As vendas externas de carne de frango cresceram no primeiro trimestre, os preços de venda também avançaram, mas os exportadores temem que esse cenário não perdure por conta da valorização do real em relação ao dólar e da alta dos custos de produção. Diante dessa perspectiva, empresas já falam na possibilidade de reduzir turnos de produção.

 

"[O resultado] surpreendeu porque começamos bem", disse Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). Nos três primeiros meses do ano, as exportações alcançaram 933 mil toneladas, 10,1% mais que no mesmo período de 2010. A receita avançou 28,3%, para US$ 1,867 bilhão, na mesma comparação. O preço médio de venda no trimestre foi de US$ 2.010 por tonelada, 16,66% maior.

 

Apesar da demanda forte nos países em desenvolvimento, o temor dos exportadores é a perda de competitividade por causa do câmbio e dos custos. Conforme a Ubabef, o dólar caiu 7,5% ante o real no trimestre ante o mesmo período de 2010. Já o milho, um dos principais insumos da ração, subiu 70,8% sobre o primeiro trimestre do ano passado.


Segundo Turra, as empresas aumentaram os preços em dólar nas exportações, mas já enfrentam resistência por parte de importadores. "As empresas já falam em reduzir turno se o dólar continuar caindo", afirmou Turra. "Já chegou ao limite".

 

A Ubabef já aponta queda de competitividade em relação ao frango produzido nos EUA. Segundo Ariel Mendes, diretor técnico da entidade, o custo de produção frango nos EUA está em US$ 0,70 por quilo enquanto no Brasil está em R$ 1,70 por quilo. Com o frango menos competitivo lá fora, os exportadores temem uma saturação do mercado interno. "O mercado interno está bom, mas não há perspectiva de grande aumento de demanda. O consumo per capita está em 44 quilos, já não há muito espaço para crescer", completou Mendes.

 

Considerando apenas o mês passado, as exportações de frango somaram 341,3 mil toneladas em março deste ano ante 331 mil toneladas em igual período de 2010. A receita alcançou US$ 691,4 milhões - havia sido de US$ 569 milhões em março do ano passado.

 

As vendas de carne de frango ao Japão - país afetado por crise nuclear após terremoto - no mês de março chegaram a 38,5 mil toneladas, acima da média mensal de 30 mil a 35 mil toneladas. "Há necessidade de comprar por causa do terremoto. O Japão está até comprando cortes diferentes do que comprava porque a logística de produção lá foi afetada", disse Ricardo Santin, diretor de mercados da Ubabef. Normalmente, o país adquire coxa e sobrecoxa sem osso, mas está adquirindo também peito.

 

O levantamento da Ubabef mostrou ainda que as exportações da avicultura nacional (inclui frango, peru, pato, ganso e outras) totalizaram 973 mil toneladas no trimestre, alta de 7,7%, com receita de US$ 1,988 bilhão, ganho de 23,6%.



Veículo: Valor Econômico


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