A Feicorte, que se realiza em São Paulo nesta semana, dá uma ideia clara dos caminhos da cadeia de produção da carne bovina. Há centenas de empresas, dos mais variados segmentos de atuação, e participação bastante significativa das entidades de classe, especialmente das associações de criadores.
Em comum, todos buscam a atenção dos parceiros e, especialmente, atrair os olhares de quem analisa a entrada na atividade produtiva.
Outro ponto positivo é a presença dos dois grandes grupos frigoríficos (JBS e Marfrig), o que demonstra a aproximação entre os vários elos da cadeia. Afinal, o gado que os pecuaristas criam tem destino certo: o abate.
É nesse cenário que uma das discussões mais recorrentes é a qualidade da carne bovina produzida no Brasil.
O tema está presente nas palestras e nas conversas pelos corredores. E, como na feira a carne é o principal aperitivo, a questão ganha contornos ainda mais sérios.
Entre criadores, técnicos, especialistas, consultores e visitantes da Feicorte, um ponto parece consenso: a pecuária brasileira está mudando. E para melhor.
Isso é comprovado pelas conversas acaloradas também sobre produtividade, eficiência no campo, bem-estar animal, respeito ambiental, boa genética, controle sanitário e manejo nutricional. Mas percebe-se que a carne de qualidade e sua certificação são fatores que causam preocupação. A sensação é que falta transparência no processo.
Afinal, é preciso contar com algumas etapas indiscutíveis, como avaliação periódica dos animais, acompanhamento do abate, parâmetros genéticos básicos, peso, idade, teor de gordura e várias outras relevantes, como auditoria, de preferência internacional e reconhecida pelos principais compradores da carne brasileira.
Há muitos programas de carne certificada. E isso é muito bom para a pecuária como um todo. Porém, nem sempre o produtor tem total clareza ou até confiança no passo a passo.
Sob o ponto de vista do consumidor final, aquele que efetivamente vai dizer se a carne é ou não de padrão superior, a questão é ainda mais preocupante.
Afinal, se ele compra determinado corte com a chancela de algum programa de carne, mas a qualidade deixa a desejar, possivelmente se voltará contra a carne bovina de uma forma geral.
Ou seja, carne de qualidade e certificação são temas muito sérios para serem levados sem parâmetros claros. Por respeito aos produtores e aos consumidores.
Veículo: Folha de S.Paulo