Os produtores de carne suína da Argentina, reunidos na Federação Agrária - a mais combativa organização ruralista argentina -, anunciaram após uma assembleia na província de Córdoba que realizarão o bloqueio das pontes que ligam o país com o Brasil para impedir a entrada de produtos suínos made in Brazil, especialmente a polpa de carne suína. "Não podemos mais permitir que exista um chanchoducto (porcoduto) pelo qual chegam aqui animais de outros países, que afetam nossa produção e provocarão o desaparecimento de pequenos e médios produtores", afirmou Eduardo Buzzi, líder da Federação Agrária, que acusa o governo argentino de permitir o que denomina de "invasão" brasileira.
Buzzi, famoso por sua capacidade de mobilização desde que em 2008 e 2099 foi um dos principais protagonistas dos protestos ruralistas contra o governo da presidente Cristina Kirchner, indicou que os piquetes nas vias de acesso às pontes ocorrerão no prazo máximo de 15 dias. "Vamos fazer o controle dos carregamentos e pedir que os caminhões deem meia volta e retornem ao Brasil", ameaçou Ciríaco Fortuna, um dos líderes da Federação.
No dia 3 de abril os produtores anunciaram a realização de piquetes contra os suínos brasileiros. Mas, três semanas depois decidiram suspender as manifestações de forma "temporária", já que na ocasião o Ministério da Agricultura havia assumido o compromisso de moderar" a entrada de carne suína brasileira.
O setor suíno argentino possui um longo currículo de conflitos com os produtores brasileiros. Os confrontos iniciaram em 1997, durante o governo do presidente Carlos Menem (1989-99), quando os produtores locais começaram a reclamar sobre supostas "invasões" de suínos brasileiros, além de acusar os brasileiros de fornecerem milho subsidiado como alimentos aos suínos.
Em várias ocasiões entre 1997 e o ano 2001 os produtores argentinos fizeram piquetes nas estradas próximas à fronteira para impedir a passagem dos caminhões que transportavam carne suína proveniente do Brasil.
Consumo maior - Mas, com a crise de 2001-2002, a carne suína saiu da longa lista de produtos "sensíveis", já que a importação despencou e os produtores locais recuperaram o mercado. Mas, o aumento do consumo interno - devido à queda do consumo da carne bovina, produto cujos preços dispararam nos últimos três anos - e o conseqüente aumento das importações (crescimento de 30% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação com 2010) despertaram os sentimentos protecionistas entre os produtores.
A presidente Cristina Kirchner, que no ano passado em discurso na TV afirmou que a carne de leitão era "afrodisíaca", lançou o programa "Porco para todos", que consiste em um sistema de venda de produtos suínos a "preços populares" (50% mais baixos que o normal) para os setores mais pobres da população.
No entanto, os partidos da oposição afirmaram que o programa não passa de "populismo", já que ele não representa mais de 0,01% do consumo diário dos argentinos.
Veículo: Diário do Comércio - MG