Desoneração estimula produtores

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Nas gôndolas dos supermercados, os preços devem ser reduzidos apenas nas carnes suínas e de aves


Somente os preços do produto bovino não deverão cair para os consumidores; suínos e aves terão repasse.

O anúncio da desoneração dos produtos que compõem a cesta básica deverá contribuir para o aumento do consumo de carnes suínas e de frango no mercado de Minas Gerais. O preço destes produtos para o consumidor deverá ter redução em torno de 6% a 7% ao longo dos próximos 30 a 60 dias. No caso da carne bovina a situação é mais complexa, por causa da crise enfrentada pelos pequenos e médios frigoríficos e também pela seca nas regiões produtoras, o que deve antecipar a entressafra. Por isso, eles não devem repassar totalmente a redução.

A desoneração de todos os produtos da cesta básica, que passarão a ser isentos de impostos federais, foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff no dia 8 de março. As carnes serão liberadas da alíquota de 9,35% do Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), incidente nas indústrias e frigoríficos.

Aves - A expectativa do presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Antônio Carlos Vasconcelos Costa, é de que a desoneração sobre a indústria e os supermercados chegue de fato ao consumidor.

"A redução dos preços será muito favorável para o setor avícola de Minas Gerais, uma vez que os preços para o consumidor se tornarão mais atrativos, o que é importante para alavancar a demanda e manter os valores pagos aos produtores em níveis rentáveis", disse.

Ainda segundo Vasconcelos, a expectativa é de que os preços fiquem entre 3% e 6% mais baratos para os consumidores. "Acredito que o repasse não será total, mas é importante que o mesmo chegue ao consumidor", disse.

Os preços pagos em Minas Gerais para os produtores de frango estão em torno de R$ 2,90 por quilo do animal vivo. O valor é considerado suficiente para cobrir os custos e gerar lucro. O cenário para o setor é mais otimista que o registrado em 2012 mas, segundo Vasconcelos, é necessário que os avicultores se mantenha cautelosos em relação ao cenário mundial, principalmente em relação aos custos com a alimentação dos frangos.

"Até o momento, 2013 deverá ser um ano favorável para o setor avícola. A perspectiva é que os custos com o milho, principal insumo da atividade, fiquem controlados, já que a previsão é de que as safras tanto brasileira como norte-americana, que ainda dependerá do clima, sejam maiores", disse.

Suínos - Para o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, a redução dos impostos federais para os frigoríficos irá contribuir para que os preços da carne suína fiquem mais competitivos.

"Toda redução de impostos é sempre bem-vinda. A desoneração para os frigoríficos e abatedouros deverá impactar nos preços voltados para o consumidor final. No curto prazo, nossa expectativa é que ocorram reduções entre 6% a 7%, e no longo prazo chegue aos 9,35%", afirmou.

Bois - Em relação à carne bovina a situação deverá ser diferente. De acordo com o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela, devido às condições críticas que os pequenos e médios frigoríficos mineiros se encontram, a desoneração deverá ser absorvida pelas empresas e não repassadas aos consumidores. Somente grandes empresas frigoríficas, devido à pressão dos supermercados e consumidores, deverão repassar o desconto.

Além disso, as restrições que o setor vem enfrentando em relação às barreiras internacionais, como as negociações com a União Europeia que vem se arrastando há quase uma década, também poderão interferir no repasse da desoneração aos consumidores.

"O amento das fusões de frigoríficos, incentivado pelo governo federal com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fez com que a situação dos pequenos e médios frigoríficos em Minas Gerais ficasse crítica. A redução de impostos será utilizada para dar um novo fôlego a estas empresas. Os grandes frigoríficos também vêm enfrentando problemas nos últimos anos, principalmente em relação às barreiras internacionais", disse.

Caso o repasse ocorra, a tendência é que os consumidores não percebam por um longo tempo. "A seca rigorosa registrada nas regiões produtoras, principalmente no Norte de Minas, irá restringir a oferta de carne bovina. Além disso, o período de entressafra do boi gordo já está próximo, o que tende a ampliar os valores da carne bovina", disse.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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