Rondônia - que faz divisa com três estados brasileiros (Mato Grosso, Amazonas e Acre) e um País, a Bolívia, na região Norte do País - está vivendo uma nova fase de sua história, com um verdadeiro “boom” econômico, proporcionado pelo desenvolvimento da piscicultura “Nos últimos dois anos esta atividade cresceu mais de 300%, e hoje já se destaca entre as três principais da agroeconomia rondoniense”, avalia o superintende federal da Pesca e Aquicultura no estado, Jenner Bezerra de Menezes. De acordo com a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastorial do Estado de Rondônia, oito mil propriedades rurais no estado têm criatórios de pescado. A atividade envolve desde cultivos mais simples até os altamente tecnificados.
Mais de 80% dos cultivos são de pequena escala, com menos de três hectares de lâmina de água, segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental. Ao todo existem no estado mais de nove mil hectares de lâmina d’água em produção com as devidas licenças ambientais emitidas. Até o final deste ano a produção de pescado deverá atingir 50 mil toneladas, volume superior a toda a produção aquícola da região Norte em 2010.
Atualmente mais de 90% da produção de pescado em Rondônia é da espécie tambaqui, nativa da Amazônia e com carne altamente apreciada em toda a região Norte. O tambaqui já é reconhecido hoje pelos especialistas e produtores como o “nelore” das águas rondonienses. Afinal, é uma espécie rústica, que se adapta facilmente às condições de cultivo da região.
O governo estadual e o Ministério da Pesca, de acordo com o superintendente Jenner, querem elevar a produção a 80 mil toneladas de pescado até o fi nal de 2014. Água, temperatura favorável (26 a 27 graus na média anual), solos argilosos, excelente conformação topográfi ca e elevado potencial hídrico, associados à boa logística de escoamento, são pontos favoráveis à atividade. Cerca de 80% da atual produção de Rondônia se destinam ao estado do Amazonas, em especial à capital, Manaus, onde a população tem no pescado um dos seus principais ingredientes alimentares.
Hoje os rondonienses têm planos de abastecer de pescado o Centro-Oeste e as regiões Sudeste e Sul do Brasil. Também está em perspectiva a exploração do mercado andino através da Rodovia Transoceânica, que liga o Norte do Brasil ao Oceano Pacífico, onde existem portos voltados para a Ásia. O propósito é abastecer o continente asiático, que torna o pescado responsável por aproximadamente 60% da proteína animal do mundo, com transações comerciais da ordem de US$ 217 bilhões por ano, segundo a FAO.
Os produtores de Rondônia se preparam também para criar e exportar o pirarucu (Arapaima gigas), o maior peixe de escamas de água doce do mundo. No momento este é o único estado da federação autorizado a exportar a espécie, cujo cultivo foi regulamentado através de uma instrução normativa estabelecida em conjunto pelo Ministério da Pesca e o IBAMA, em 2011. A vocação de Rondônia para a aquicultura não é um caso isolado na região Norte. Estados como Acre, Amazonas e Pará também se mobilizam fortemente para aumentar a produção de pescado. Assim, a Amazônia descobre uma promissora vocação econômica, que é sustentável e não compromete a floresta.
Veículo: Empresas e Negócios