Pesquisadores comprovam que natureza não consegue repor peixe, algo que pescadores percebem com diminuição da safra
No dia em que a Região Sul do país dá a largada para a safra de tainha, um estudo que monitorou a espécie por uma década alerta: há menos peixes no mar.
A informação, que até então não passava de uma mera suspeita dos pescadores, foi confirmada há poucos dias por um grupo de pesquisadores de quatro universidades, entre elas a Univali, que formam o Projeto Tainha.
A pesquisa aponta que a natureza não está conseguindo repor a quantidade do peixe retirada do mar pela pesca. O motivo ainda é desconhecido. Segundo o coordenador do estudo em Santa Catarina, Paulo Ricardo Schwingel, existem apenas duas causas que poderiam explicar o sumiço das tainhas: a mortandade pela pesca e pela amostra natural. A questão faz parte de uma segunda etapa, já iniciada e que deve apresentar resultado em 2014.
Temerosos depois de uma das piores safras dos últimos 10 anos, os pescadores artesanais começam a temporada de 2013 com baixas expectativas. Já a partir de hoje, eles esperam capturar do mar ao menos o dobro de tainhas do ano passado – o que representa apenas 800 toneladas do peixe e também é um volume considerado baixo, em consideração as 2,1 mil toneladas pescadas em 2007.
Que peixe é esse?
- Encontrada nas águas da Lagoa dos Patos e do Rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina, a tainha só sai desse ambiente para reproduzir.
- O processo de reprodução tem início quando a temperatura começa a cair. É como se isso fosse um gatilho, que as dispara em direção às águas quentes do Norte para desovar.
- Cerca de 60% das tainhas pescadas no litoral brasileiro são capturadas no litoral catarinense.
- A tainha ocupa, hoje, a quarta posição em relação à produção de pescados mais importantes do país – perdendo apenas para a sardinha, a corvina e o bonito listrado (o tipo de atum vendido em latas), conforme o Ministério da Pesca.
Veículo: Diário Catarinense