Cobb-Vantress planeja investimentos para crescer no Brasil

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A Cobb-Vantress, empresa de genética avícola controlada pela multinacional americana Tyson Foods, promete investir US$ 6 milhões no Brasil no ano-fiscal 2013/14 (outubro a setembro) para ampliar a produção de aves reprodutoras destinadas às exportações, afirmou ao Valor o diretor-geral da companhia na América do Sul, Jairo Arenázio.

Os recursos serão utilizados para elevar em 30% a capacidade de alojamento de suas duas granjas de bisavós, localizadas nos municípios de Itapagipe (MG) e Paulo de Faria (SP). Atualmente, as duas unidades são capazes de alojar 1,2 milhão de aves, mas esse número saltará para 1,5 milhão com a ampliação. As chamadas "granjas de bisavós" são aquelas destinadas à produção de avós.

Com o investimento, a Cobb-Vantress dará mais um passo na estratégia de transformar o Brasil em uma plataforma de exportações de genética avícola para a América Latina. No ano passado, a empresa investiu R$ 35 milhões para erguer uma granja de avós, também na mineira Itapagipe. Essa unidade entrou em operação no início de 2013. Nas granjas de avós, são produzidas as matrizes, que são as aves que botam ovos, cujos pintos de corte serão alojados. Estes vão se transformar nos frangos que serão abatidos, em média, 45 dias após o alojamento.

Ao elevar sua aposta nas vendas de genética para o mercado externo, a Cobb-Vantress reconhece que o já elevado consumo nacional de carne de frango não deve registrar crescimentos significativos nos próximos anos. Hoje, o brasileiro consome 45 quilos de carne de frango por ano, conforme dados da União Brasileira da Avicultura (Ubabef). O Brasil é um dos cinco principais países em consumo per capita dessa proteína.

Além disso, o espaço brasileiro para avançar nas exportações de carne de frango no curto prazo também é limitado, como já admitiu em outras ocasiões o presidente da própria Ubabef, Francisco Turra. O Brasil é o líder global nas exportações de carne de frango, à frente dos Estados Unidos. É nesse contexto, portanto, que as exportações de genética avícola entraram no radar da Cobb-Vantress.

Mas a estratégia de impulsionar as exportações não aconteceu sem sobressaltos. Em entrevista ao Valor em janeiro, Arenázio disse que a companhia pretendia exportar cerca de 20% de sua produção de matrizes. Agora, a previsão é manter essa fatia nos atuais 15%. No ano passado, a Cobb-Vantress produziu 21,9 milhões de matrizes.

A mudança nos planos de Arenázio é um reflexo das dificuldades logísticas enfrentadas pela empresa, em especial no que diz respeito aos custos do frete aéreo (cada voo envia entre 30 mil e 40 mil aves). E é exatamente nesse ponto, aliás, que a ampliação das duas granjas de bisavós poderá ajudar, segundo o executivo.

Arenázio defende que os países da América do Sul, principal mercado das exportações da empresa, comprem mais aves avós em detrimento das matrizes, como é mais comum hoje. Essa medida reduziria o número de animais enviados, uma vez que a produção de matrizes passaria a acontecer nos países sul-americanos.

Com a conclusão das obras de ampliação, prevista para o fim de 2014, a Cobb-Vantress pretende elevar de 20% para 40% a participação das exportações na produção de avós. A meta da empresa é atingir essa fatia em meados de 2015.

Segundo Arenázio, a vantagem da "troca" das matrizes pelas avós não se restringe à logística. A empresa também teria um ganho de margem na operação de exportações. Isso porque uma ave matriz custa cerca de US$ 17, enquanto que uma avó vale cerca de US$ 100.

Atualmente, o Brasil responde por 27% do faturamento global da Cobb-Vantress. Por determinação da Tyson, a companhia não divulga os dados globais e regionais de faturamento.



Veículo: Valor Econômico


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