Líder no mercado brasileiro de genética suína, a Agroceres PIC, controlada pelo grupo Agroceres, inaugura hoje a maior unidade do segmento no país. Localizada no município de Fraiburgo, em Santa Catarina, a nova central de genética custou R$ 10 milhões e mais do que quadruplicará a capacidade da empresa.
A planta tem capacidade para alojar 700 suínos machos, que serão capazes de produzir 1,1 milhão de doses de sêmen por ano, de acordo com o diretor superintendente da Agroceres PIC, Alexandre Rosa. A unidade catarinense se soma ao centro de disseminação genética da empresa na cidade mineira de Patos de Minas, onde há capacidade para o alojamento de 180 animais.
Mas a nova unidade da empresa iniciará a produção de sêmen suíno somente em agosto. Até lá, a produção da Agroceres continuará restrita à unidade de Patos de Minas. Nesse período, a central apenas receberá visitas de potenciais clientes, o que não pode ser feito com a unidade em operação devidos aos riscos sanitários.
Com o investimento, a Agroceres pretende não só ampliar os negócios, mas também disseminar as vendas de sêmen suíno no Brasil para a produção de matrizes. Atualmente, as maiores granjas de suínos não compram o sêmen, mas o próprio animal - o macho avô, que ficará encarregado de produzir as matrizes. Nos EUA, maior exportador global de carne suína, as vendas de sêmen do animal avô já respondem por 80% do mercado de genética.
"O Brasil também vai caminhar nesse sentido", aposta Alexandre Rosa, um dos executivos incumbidos da tarefa de convencer as grandes indústrias a adotarem o modelo de compra de sêmen. A confiança do executivo está calcada nos ganhos de produtividade esperados com o novo modelo de disseminação genética.
"Comprar macho 'físico' significa ter centrais de genéticas pequenas, que não conseguem ter animais de alto valor genético", afirma Rosa. Por "valor genético" entenda-se ganho de peso, conversão alimentar e qualidade de carcaça.
Com a estrutura da unidade de Fraiburgo, Rosa estima que cada macho alojado conseguirá produzir sêmen para atender 250 fêmeas. Na modelo tradicional, diz, essa relação é de um para 100. "Fizemos um investimento grande em equipamentos. Temos coleta automática de sêmen", afirma o executivo.
Outra vantagem apontada por Rosa é a capacidade de reposição dos machos, trocados por melhorados geneticamente - mais produtivos, segundo ele. Hoje, uma pequena central de genética repõe 50% dos animais a cada ano. Em Fraiburgo, a Agroceres terá uma taxa de, no mínimo, 80%.
Com o início da produção em agosto, a Agroceres PIC prevê atingir plena capacidade até o fim do ano. Segundo ele, os machos levam cerca de seis meses para alcançar o nível de produtividade esperado. "O macho jovem produz pouco", justifica ele.
Conforme o executivo, o investimento de R$ 10 milhões realizado pela Agroceres será amortizado em três anos. A empresa não revela seu faturamento, mas diz que a nova unidade obterá cerca de 25% da receita com as vendas de sêmen dos chamados "machos terminadores", que produzem os animais que vão para o abate. Os outros 75% virão das vendas de sêmen de avôs (que produzem as matrizes) e de bisavôs (que produzem as avós). A unidade de Fraiburgo é toda destinada a produção de fêmeas.
Veículo: Valor Econômico