JBS nega conversações com a Marfrig

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O presidente da JBS, Wesley Batista, disse ontem que não conversou e não está conversando com a Marfrig Alimentos sobre possíveis aquisições. Na terça-feira, a Marfrig anunciou uma profunda reestruturação para reduzir seu endividamento em R$ 2 bilhões, que prevê a venda de três unidades da Seara Brasil (a localização não foi divulgada), o fechamento de quatro centros de distribuição no país e de duas unidades de bovinos na Argentina.

Em resposta a um analista que perguntou se haveria interesse pelos ativos da Marfrig, durante teleconferência para apresentação de resultados da JBS, Batista afirmou que "neste momento" a empresa "não está engajada em nenhuma conversação sobre potencial aquisição".

Mais tarde, em entrevista ao Valor, Wesley Batista disse que não pode responder se há interesse pois não sabe o que a Marfrig pretende vender. "Se houvesse uma lista de ativos, seria possível dizer se há ou não interesse por algum deles", afirmou. Ele acrescentou que "se a Marfrig for fechar [um ativo] no Brasil, quero crer que não me interesse".

Mas como a lista de unidades à venda não é conhecida, Batista admitiu que não é possível também dizer "que nada interesse". "É preciso ver o que eles vão vender para depois falar", afirmou. No mercado, há comentários de que, mesmo antes do anúncio da reestruturação, a Marfrig já teria conversado com a JBS e também com a americana Tyson Foods.

O presidente da maior empresa de proteína animal do mundo disse ainda, na entrevista, que a JBS pretende fazer uma proposta de compra dos ativos arrendados da francesa Doux Frangosul, em meados do ano passado, com opção de compra. Para isso, no entanto, é necessário que a matriz da Doux, na França, que está em recuperação judicial, termine as negociações com os credores naquele país. Ele espera que isso seja finalizado ainda este ano. "Depois que terminar a negociação na França, temos interesse em negociar com os credores aqui", declarou.

A expectativa da JBS é que a operação de aves no Brasil - além das unidades da Doux, a empresa comprou a Agrovêneto e arrendou a Tramonto -, gere uma receita de R$ 2 bilhões ainda este ano, sendo 70% dessa receita provenientes de vendas externas.

A JBS também reafirmou a meta de reduzir a alavancagem (indicador que mede a relação entre a dívida líquida e Ebitda) para menos de 3 vezes. No fim do primeiro trimestre, essa relação estava em 3,4 vezes, estável na comparação com o fim do quarto trimestre de 2012, apesar do aumento do endividamento líquido para R$ 15,68 bilhões, (3,8% mais do que em 31 de dezembro de 2012) e da maior necessidade capital de giro no primeiro trimestre por conta da aquisição da XL Foods, no Canadá, e da Agrovêneto, em Santa Catarina, e dos recursos necessários para tocar essas operações.

Os negócios aumentaram em R$ 800 milhões a necessidade de capital de giro da empresa no primeiro trimestre deste ano. Mas a expectativa da JBS é que essa necessidade diminua nos próximos trimestres com a queda dos grãos no mercado internacional e a estabilização das novas operações.

Para reduzir a alavancagem, a JBS conta com a melhora na geração de caixa. "A operação de frango nos EUA deve ser espetacular, bovinos nos EUA está melhorando e o Mercosul está gerando caixa", garantiu Batista. No primeiro trimestre, a companhia registrou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de R$ 879,4 milhões, 26,3% mais que em igual período do ano passado.

O presidente da JBS assegurou ainda que não há plano de emissão de dívida nem de "desinvestimentos" para reduzir a alavancagem da companhia. Em janeiro deste ano, a JBS havia captado US$ 500 milhões em notas no mercado internacional com vencimento em 2023 e yield de 6,50% ao ano, numa medida para reduzir o endividamento de curto prazo. Em abril passado, reabriu as notas e captou mais US$ 275 milhões, mas em melhores condições, com yield de 6,25% ao ano.

Com exportações anualizadas de mais de US$ 10 bilhões, a JBS está otimista com as vendas externas em 2013. Segundo Batista, a expectativa é de um bom desempenho das vendas a partir dos EUA, Brasil e Austrália. No primeiro caso, graças à redução das restrições do Japão à carne bovina americana. Nos dois últimos, graças à valorização do dólar ante as moedas locais.



Veículo: Valor Econômico


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