Zippy verticaliza oferta com gasto de R$ 30 mi

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A companhia entrou no mercado com um projeto de produção integrada para driblar custos e agora investe em aumento da capacidade

Em um País onde o consumo de pescado ainda está abaixo do recomendado pelas organizações internacionais, a empresa Zippy Alimentos, maior produtor de tilápias do Brasil, decidiu apostar no potencial do mercado com um projeto verticalizado que já demandou aportes de R$ 30 milhões. E seus donos pretendem investir ao menos R$ 2 milhões nos próximos meses para construir 700 tanques em sua propriedade em Santa Clara D'Oeste, no noroeste paulista, que foram autorizados recentemente pelo Ministério da Pesca e Aquicultura.

"Começamos comprando uma empresa de alevinos e fomos expandindo", contou ao DCI o presidente da companhia, Ayres da Cunha Marques, que já foi empresário do ramo de planos de saúde no comando da Blue Life até 2007 e desde 2009 decidiu se dedicar à piscicultura.

Atualmente a planta da Zippy Alimentos possui 1,1 mil tanques, laboratório de alevinos, fábrica de ração para os animais, rede de caminhões para logística interna e até um frigorífico de abate e preparo de peixes com equipamentos desenvolvidos e construídos pela própria companhia. A última etapa da verticalização foi realizada neste ano, com o início das operações com alevinos (peixes recém-nascidos).

Toda essa estrutura produz 442 toneladas por mês. No processamento das tilápias, apenas 30% do volume é aproveitado. Do restante, que é a carcaça do animal, uma parte ainda é utilizada para a fabricação de farinha de peixe - matéria-prima para a ração de gatos.

Com a ampliação dos reservatórios, a empresa terá capacidade para produzir 648 toneladas de peixe por mês.

A expectativa, segundo os proprietários, é de que o investimento dê retorno em aproximadamente oito anos. "Hoje, quase toda a nossa margem é reinvestida", explica Ayres Marques. Ele acredita que, com uma produção maior, seja possível trabalhar com mais estoques, hoje praticamente nulos dentro da empresa. Mas o objetivo maior é atender à demanda nacional, que eles garantem que é crescente.

Driblando sazonalidades

Em um mercado de baixa demanda, a aposta na verticalização foi feita para absorver os impactos da volatilidade tanto da matéria-prima como do consumo. No Brasil, as compras de pescados se concentram entre meados do segundo semestre e a Páscoa, e são diminutas durante o inverno. Para driblar essa sazonalidade, a Zippy tenta aproveitar cada parte da cadeia de produção de forma independente e, em épocas de baixo consumo, a empresa vende para outros piscicultores a ração para peixe que produz em sua planta.

A fabricação de ração também ajuda a companhia a reduzir custos de produção. Mesmo assim, a alimentação das tilápias representa a maior parte dos custos da empresa, por volta de 70%.

Depois da compra dos novos reservatórios, Marques pretende estabilizar os aportes. "Agora é hora de estruturar os investimentos", afirma. Segundo o empresário, metade dos recursos aplicados até agora na empresa foram obtidos por meio de linhas de financiamento.

Consumo no País

Desconsiderando as variações mensais, a Zippy consegue vender 103 toneladas de filés de peixe ao mês. Deste volume, 70% é entregue ao mercado sob a forma de peixe fresco. Segundo Fernando Marques, filho do proprietário e colaborador da Zippy, o filé congelado dá mais lucro para a empresa, mas a venda é mais concentrada no pescado fresco porque a demanda pelo produto é maior.

Em épocas de baixo consumo, o quilograma da tilápia viva pago ao produtor gira em torno de R$ 3,80 a R$ 3,90. Durante a Páscoa, o valor sobe acima dos R$ 4. Já o preço recebido pelo filé de peixe é quase cinco vezes esses valores e gira em torno de R$ 18 a R$ 20 cada quilograma.

Fernando Marques ressalta, porém, que a venda do peixe vivo também envolve mais riscos, uma vez que é mais perecível e pode levar a mais perdas antes de chegar ao varejo. De todo o volume comercializado, 90% é destinado para as grandes redes de varejo na capital paulista.



Veículo: DCI


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