Ministro minimiza causas e efeitos da ampliação dos vetos russos a frigoríficos

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O embargo que a Rússia iniciou ontem contra dez frigoríficos brasileiros é fruto de um "desentendimento" entre o serviço sanitário russo e o governo brasileiro, disse ontem o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, na cerimônia de abertura da Semana Nacional da Carne Suína, realizada na capital paulista.

"Achamos que tínhamos atendido a todas as reivindicações dos russos", afirmou Andrade, referindo-se aos questionamentos feitos pelo russos durante a missão sanitária realizada no Brasil em julho. Diante disso, o ministro confia que as restrições da Rússia à nove unidades de bovinos e uma planta de suínos serão apenas "temporárias".

Para amenizar o embargo, o Ministério da Agricultura ofereceu, durante as negociações com os russos, "trocar" os frigoríficos suspensos pela habilitação de outras unidades do país, afirmou Andrade. Com isso, a Rússia vetaria as unidades que avalia não cumprir as exigências sanitárias, mas liberaria a exportação de outros frigoríficos brasileiros. Por enquanto, a proposta não vingou.

Apesar disso, o ministro disse acreditar que não haverá impacto nas exportações de carnes do Brasil, uma vez que as empresas poderão exportar para os russos a partir de outras unidades que ainda estão autorizadas a exportar. A Rússia é o segundo principal destino das exportações de carne bovina do Brasil.

A despeito do otimismo, Andrade admitiu "problemas financeiros" na área sanitária. Segundo ele, o ministério não fez repasses neste ano para as agências estaduais de defesa sanitária. O ministro disse que o convênio com as agências foi interrompido na gestão do ministro Mendes Ribeiro (PMDB-RS) por problemas orçamentários.

Apesar da falta de repasses, Andrade garantiu que as atividades de defesa sanitária sob responsabilidade dos Estados não foram "descontinuadas" e que um novo convênio com as agências de defesa será firmado neste mês. Por meio desse novo convênio, afirmou, o ministério repassará R$ 150,8 milhões por ano para as agências estaduais.

Questionado sobre as trocas que fez no comando da Pasta, o ministro se defendeu das acusações dos fiscais agropecuários, que vêm protestando contra a nomeação de nomes com perfil político, em detrimento do conhecimento técnico. Segundo ele, é natural que exista uma troca de pessoas da gestão do ministério. "O objetivo das mudanças é agilizar as atividades".

Segundo Andrade, o ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, não deixou o ministério, apesar de ter deixado o cargo de secretário. A substituição de Marques pelo advogado Rodrigo Figueiredo na Secretaria de Defesa Agropecuária foi o estopim para a crise dos fiscais agropecuários federais com o ministro.

De acordo com Andrade, o veterinário Marques é seu "assessor especial". Efetivamente, Marques inicia seu trabalho como assessor do ministro só hoje, conforme apurou o Valor. Sua nomeação no novo cargo, porém, foi publicada no Diário Oficial da União em 19 de setembro.



Veículo: Valor Econômico


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