Tilápia ganha mercado com alta do importado

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Desde o meio desta semana o mar e o mercado estão para peixe. É na Quaresma que é comercializado o maior volume de pescados ao longo de um ano. E não é o dólar valorizado, tampouco a crise de crédito que vão frear as vendas em 2009. Só a rede Carrefour de supermercados deve vender no referente período cinco milhões de quilos de pescados, e a tilápia tem peso expressivo nessa estimativa.

 

O diretor de peixaria do Carrefour, Sandro Araújo Valgas, revela que o consumo do peixe, também conhecido como St. Peter, cresceu 25% no ano passado. Esse aumento nas vendas foi sustentado pelo Ceará. O maior produtor da variedade entregou ao mercado em 2008 cerca de 17 mil toneladas.Além da tilápia, outras espécies nacionais sustentam o aumento da demanda por pescados nessa época do ano e aliviam a alta do dólar refletida nos peixes importados. "A capacidade instalada de cultivo da tilápia é significativa. O peixe está entre as dez espécies mais vendidas", calcula um agente do mercado interno.

 

"Mas o produto importado continua com apelo significativo", pondera Valgas. O diretor de peixaria garante que "a valorização do dólar foi expurgada nas negociações com o mercado internacional", pelo menos na rede. Segundo ele, o peixe importado representa 20% das vendas do Carrefour. E a manutenção dos preços deve garantir crescimento entre 5% e 10% da demanda. Além dos cinco milhões de quilos de pecados, a rede deve comercializar 800 toneladas de bacalhau nessa quaresma, ante as 580 toneladas vendidas no ano anterior.

 

Abraão Oliveira Neto, coordenador de promoção comercial da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap), diz que, historicamente, em um único mês é vendido o equivalente a outros três meses. "Desde novembro as empresas começaram a estocar pescados", calcula. Reserva que segundo Oliveira Neto garante o aumento da margem de lucro.

 

Para o coordenador da Seap, se até o final do ano passado - "com o dólar abaixo dos R$ 2,15" - a exportação de camarão não era viável, hoje a realidade é outra. O crustáceo voltou a ser valorizado no mercado interno e abriu espaço para a comercialização da lagosta, rejeitada pelo mercado de luxo americano. "Caiu o preço e a demanda", afirma. De acordo com Neto, em agosto do ano passado a lagosta atingiu o pico de US$ 45, "mas fechou o ano a US$ 26". Os players exportadores procuraram e encontraram outros mercados para escoar a produção de lagosta, mas o volume embarcado este ano é pouco representativo. "Por isso ela começou a figurar no mercado interno, só que o volume de absorção ainda é inexpressivo.

 

Produção catarinense

 

José Claudenor Vermohlen, sub-secretário de planejamento da Seap, ressalta que no Sul do País o crescimento das vendas de pescados deve ser contido pela catástrofe que atingiu a região do Vale do Itajaí, Santa Catarina. "Além das enchentes, eles também enfrentaram, como o restante do País o redimensionamento do mercado promovido pela crise", acrescenta.

 

De acordo com o sub-secretário de planejamento, ainda assim, o volume comercializado na quaresma este ano deve ser maior e representar 45% de todo o volume a ser negociado em 2009.

 

A estimativa da Seap é sustentada pelas negociações dos importadores de pescados, em especial da Argentina, que devem repassar apenas 10% da desvalorização cambial superior a 30% sofrida pela moeda brasileira frente ao dólar. Mas no caso dos peixes com preços mais salgados, os substitutos nacionais devem entrar em cena e ficar com essa fatia do mercado.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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