Os ovinocultores brasileiros têm um ‘velho’ desafio pela frente. O desenvolvimento da cadeia produtiva passa, necessariamente, pelo aumento do rebanho, estimado, hoje, em 17 milhões de cabeça. Para se ter uma ideia, caso queira atingir um de seus objetivos, como o de elevar o consumo interno de 400 gramas por habitante ao ano para 2,4 quilos, seria preciso chegar aos 50 milhões de animais à disposição da indústria. Atualmente, o Brasil é obrigado a importar carne de cordeiro para abastecer o mercado nacional.
Para mudar o quadro, o trabalho é árduo e de longo prazo, admite o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab. “Em primeiro lugar, já estamos satisfeitos com a evolução do material genético que estamos obtendo”, destaca. Um convênio, assinado recentemente em parceria com a Embrapa, deve buscar a profissionalização de diversos elos da cadeia. Entre eles, melhoria das condições específicas de abate, diminuição da mortalidade e aumento da natalidade das 28 raças. “Não adianta fazer marketing para consumir mais se não tiver oferta”, pondera Schwab.
O rebanho gaúcho, que já foi de 13,5 milhões de cabeças na década de 1970, possui, atualmente, 4,1 milhões de cabeças, segundo o IBGE. Na cabanha Novo São João, em Santa do Livramento, o criador David Fontoura Martins conta com 5 mil ovelhas da raça Texel. Toda a sua produção é destinada ao corte, sendo que os abates são realizados entre os cinco e os seis meses, para obter uma carne de melhor qualidade. “Os preços estão substancialmente bons. E os criadores precisam se voltar mais para a carne porque tem melhor rentabilidade”, defende Martins.
Na Expointer, o número de ovinos inscritos foi na contramão da maioria dos animais, que tiveram queda, e cresceu 14,8%, chegando aos 909 exemplares. São 174 expositores, inclusive de outros estados, como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. A Texel é a raça mais presente, com 311 exemplares. Os resultados dos primeiros remates, com média de R$ 9,1 mil, agradaram os organizadores. Com isso, a Arco espera superar a comercialização de 2014, quando os negócios giraram em torno de R$ 685 mil, com a venda de 165 animais.
Veículo: Jornal do Comércio - RS