Apesar da intensa desaceleração vista no segundo semestre, as exportações brasileiras de carne de frango bateram recorde em 2016. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os embarques de produtos in natura e processados totalizaram 4,384 milhões de toneladas no ano passado, 1,9% mais do que em 2015.
Na primeira metade de 2016, as exportações de carne de frango cresceram 14%. No entanto, a quebra da safra brasileira de milho - e a consequente disparada do preço do grão - levou a indústria de frango a cortar a produção no segundo semestre, o que afetou a oferta disponível, reduzindo as exportações. A apreciação do real perante o dólar também tirou competitividade das exportações do Brasil, afirmou o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin.
O presidente da ABPA, o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, destacou, em nota, que houve crescimento das vendas mesmo com a crise de custos enfrentada pelo setor. Segundo Turra, 2016 foi marcado pelo "forte ritmo de vendas" para os continentes asiático, europeu e americano. Entre os países, o "destaque especial" foi a China, segundo ele. A entidade não detalhou os dados por país.
A receita com as exportações de carne de frango, contudo, caiu em 2016, pressionada pela queda dos preços do produto no mercado internacional - sobretudo no primeiro semestre. Em 2016, as vendas de carne de frango ao exterior renderam US$ 6,849 bilhões, queda de 4,5% em relação aos US$ 7,169 bilhões registrados no ano anterior. A despeito da queda dos preços do frango exportado pelo Brasil, o BTG Pactual avaliou ontem, em relatório, que o ciclo negativo que atingiu a indústria avícola do país no ano passado está se revertendo.
Conforme o banco, os dados relativos ao volume exportado em dezembro e no quarto trimestre já indicam a reversão do ciclo, com o enxugamento da oferta de carne de frango, o que tende a permitir um aumento nos preços do produto. Em dezembro, as exportações de carne de frango recuaram 9,4% ante o mesmo intervalo de 2015, totalizando 362,2 mil toneladas.
Na indústria de carne suína, também houve desaceleração no segundo semestre. Segundo Santin, da ABPA, as exportações de carne suína in natura cresceram 55,5% na primeira metade do ano e "apenas" 17,4% no segundo semestre. Com isso, as vendas externas em 2016 subiram 33%, somando 628,7 mil toneladas. Os principais destinos dos embarques foram Hong Kong, China e Rússia. Em receita, as exportações somaram US$ 1,349 bilhão, alta de 15,5%.
Fonte: Valor Econômico