Redução de custos e ampliação do mercado internacional devem favorecer produtores
A expectativa de custos menores que os registrados em 2016, em função da safra maior de grãos, e a tendência de crescimento das exportações são fatores que poderão fazer de 2017 o ano de recuperação da suinocultura. Em Minas Gerais, a Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg) estima que haverá aumento dos embarques, mas o volume de suínos produzidos será mantido. O grande desafio apontado é o aumento do desemprego, o que poderá interferir de forma negativa no consumo de carnes no mercado interno.
De acordo com o vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Penna, a tendência é que as exportações de carne suína sigam aquecidas. No ano passado, as negociações com o exterior foram fundamentais para que a oferta ficasse próxima à demanda, evitando mais prejuízos para a cadeia produtiva, que já amargava perdas geradas pelo custo de produção elevado. A conquista de novos mercados e a reabertura de outros, como o da África do Sul, contribuirão para o aumento da demanda internacional.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e dezembro foram exportadas 21,3 mil toneladas de carne suína, aumento de 57,6% frente a 2015. Em relação ao faturamento, o incremento foi de 46%, somando US$ 39,6 milhões.
“Estamos com boas expectativas em relação às exportações. As negociações com o mercado externo têm grande importância, já que o volume exportado representa mais de 20% da nossa produção. Os embarques promovem o equilíbrio entre a oferta e a demanda, evitando o superabastecimento do mercado interno e a queda de preços”, explicou.
Assim como em Minas Gerais, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que, em 2017, as exportações de carne suína cresçam cerca de 5%. Os embarques nacionais de carne suína encerraram 2016 com elevação de 32,8%, alcançando 720 mil toneladas exportadas. No Brasil é esperado aumento de 2% na produção.
Insumos - Em relação à produção de suínos em Minas Gerais, a tendência é de manutenção do volume. O Estado conta com cerca de 5 milhões de animais. Cardoso Penna explica que, em 2016, a atividade foi muito prejudicada pela escassez de milho, insumo que responde por 60% da ração, e que teve os preços alavancados. Para este ano, a expectativa é de custos menores.
“As notícias, até o momento, mostram que teremos uma safra de grãos alta, o que é importante para que os preços do milho e da soja se mantenham em patamares favoráveis para a produção de carnes. Achamos que o produtor de milho precisa ser bem renumerado, mas essa remuneração não pode ocorrer em detrimento à cadeia de carne. Devido à situação desfavorável vivida em 2016 e ao aumento do desemprego, a produção mineira tende a ficar estável, já que o produtor está mais cauteloso e existe risco de queda no consumo das famílias pelo menor poder de compras.
Ainda segundo o representante da Asemg, o mercado da carne suína, em janeiro, segue lento em função do período de férias. Como já era esperada queda na demanda, vários suinocultores se planejaram e venderam a maior parte do rebanho no final de 2016, quando a procura pelos cortes suínos é estimulada pelas festas de fim de ano.
“As vendas em janeiro chegam a cair 50%. É, sem dúvida, um dos piores meses para a suinocultura. Nossa expectativa é que a demanda volte a crescer já em fevereiro, com o final do período de férias e o início do período escolar”, disse Cardoso Penna. O quilo do suíno vivo em Minas Gerais é negociado em média a R$ 4,45, retração de 4,94% frente aos R$ 4,67 praticados na média de dezembro.
Michelle Valverde
Fonte: Diário do Comércio de Minas