No segmento de orgânicos, a nova fábrica de rações multifuncional receberá investimento. A falta de milho livre de transgênicos para alimentação dos animais já foi entrave no processo produtivo
São Paulo - O aumento do consumo consciente, com maior atenção para o bem estar animal, foi o gatilho para que a Korin Agropecuária investisse em aves orgânicas e sustentáveis. A aposta manteve a empresa no azul mesmo na crise. A Korin faturou R$ 133 milhões no ano passado com a venda de frangos, seu carro-chefe. A cifra representou um aumento de 23% em relação a 2015. O volume teve um crescimento idêntico. Para este ano, como a economia tem perspectivas de melhora mas ainda patina, a companhia espera crescimento real de 14% nas vendas.
"Cerca de 30% do último faturamento será investido nas aves orgânicas. Começamos neste segmento por três vezes e tivemos que parar por falta de matéria-prima para a ração. Agora os aportes serão direcionados para uma fábrica multifuncional focada na produção de tipos distintos de alimentos", contou ao DCI o diretor superintendente da Korin, Reginaldo Morikawa.
O frango orgânico é aquele que possui certificado de bem estar animal, consome probióticos para manter o vigor, não contém promotores de crescimento nem antibióticos, a alimentação não envolve nenhuma ração de origem animal e a matéria-prima consumida pelas aves é livre de qualquer transgenia.
O produto intitulado pela empresa como sustentável conta com todas as características do orgânico, exceto o grão usado na ração, que pode ser transgênico.
"Nossa principal dificuldade é encontrar milho livre de transgenia. Foi um problema que tivemos no ano passado e que nos fez direcionar a produção que seria orgânica para a linha de sustentáveis", lembra o executivo. Na tentativa de sanar este gargalo, a fábrica multifuncional de ração tem capacidade para confeccionar alimento com os dois tipos de grãos para atender as duas demandas da empresa, de maneira distinta.
A medida também impulsionará a retomada no mercado de ovos orgânicos, que estarão disponíveis no varejo daqui a, aproximadamente, 60 dias.
Outras novidades preparadas para este ano são os lançamentos de hambúrgueres de carne bovina e de frango, além de patê de fígado orgânicos e filé de tilápia sustentável. Morikawa destaca que as carnes bovinas são produzidas no Pantanal e alguns peixes virão da Amazônia. A ideia é manter o consumo de produtos tradicionalmente brasileiros e incentivar a inclusão social, pois os pequenos produtores são os grandes provedores da oferta da Korin.
Dados da Organics Brasil, mostram quem no ano passado este mercado teve expansão de 30% a 35%, na média, somando R$ 3 bilhões. O acréscimo foi puxado pelos produtos lácteos e de origem animal, com valor agregado - categoria em que a Korin se insere. Estima-se que no varejo os produtos sejam de 30% a 40% mais caros que os convencionais, mas, ainda de acordo com a Organics Brasil, o setor está em avanço constante e já representa US$ 80 bilhões no mercado global.
Destaques comerciais
Na avaliação de Morikawa, um marco importante para a Korin ocorreu no ano passado, ao se tornar a primeira empresa brasileira a exportar frango orgânico. O carregamento teve Hong Kong como destino e, em 2017, Emirados Árabes, Cingapura, e países africanos também estão no radar . A empresa mantém ainda uma parceria com a Premiê Pet para fornecimento dos resíduos das aves. Penas e outros itens descartáveis para a Korin viram matéria-prima para a fabricação de ração sustentável para animais domésticos. O que era um problema virou produto em 2015.
FONTE: DCI