Suinocultura começa ano com economia desaquecida, mas otimista

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A suinocultura começou o ano com economia desaquecida, mas otimista. Logo no início de janeiro, foi votada a lei de parcelamento de dívida de produtores rurais (Funrural) que, mesmo com vetos, continua representando uma conquista para o setor suinícola. A agenda econômica brasileira pode apresentar surpresas em ano de eleições, mas investidores ainda apostam no agronegócio do país para movimentar o mercado. No entanto, o cenário também pede um pouco de cautela por parte do produtor rural que deve se atentar à eficiência produtiva, visando reduzir o custo de produção. Outro ponto que também preocupa o setor é o impasse com a Rússia, que ainda não reabriu o mercado para a proteína suína brasileira.

 

Apesar das boas perspectivas para a economia brasileira em 2018, observadas no relatório Focus divulgado pelo Banco Central, com alta de 2,70% no PIB, redução da inflação para 3,84% (dentro da meta de 4,5%) e previsão da taxa SELIC em 6,75% ao ano (abaixo dos 7% previstos), o brasileiro ainda se mostra cuidadoso com seus gastos.

 

No Brasil, a taxa de desemprego permanece próxima a 12% e 78% da população ainda classifica o momento da economia como ruim, o que influencia diretamente o consumo interno, que corresponde entre 80 a 85% da produção nacional. De acordo com informações do Cepea, as vendas abaixo do esperado no período de final de ano elevaram a disponibilidade da carne suína no varejo, pressionando os valores junto aos produtores, diminuindo o valor do preço pago historicamente no período. 

 

De acordo com dados compilados pela Agroceres PIC, em Minas Gerais, o preço do Kg do suíno vivo caiu R$ 0,03 (- 0,71%), de dezembro para janeiro deste ano. Na comparação feita entre os meses de janeiro de 2017 e janeiro de 2018 a redução observada foi de 5,10% ou R$ 0,22. Neste último mês, a venda de um quilo de suíno vivo rendeu 7,72 quilos de milho, apresentando melhora de 12% em relação a janeiro de 2017.

 

Índices de exportação são afetados pelo embargo russo

 

Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que as exportações brasileiras de carne suína, incluindo todos os produtos, totalizaram 54,4 mil toneladas, volume 15,4% inferior ao registrado em janeiro de 2017, com 64,3 mil toneladas. Quanto à receita, os embarques do setor renderam US$ 111,4 milhões em janeiro, número 19,9% menor que os US$ 139,1 milhões registrados no mesmo período do ano anterior. Essa redução deve-se ao embargo da Rússia a carne suína brasileira, uma vez que este país usualmente responde por cerca de 40% de todas as exportações brasileiras.

 

O impasse, que teve início em dezembro de 2017, criou dificuldades significativas para o mercado interno brasileiro. Porém, o aumento dos embarques para a China e Hong Kong reduziram o impacto no que se refere ao mercado externo, conforme divulgado pela ABPA. A China importou, no primeiro mês de 2018, 13,5 mil toneladas, resultado que supera em 122% o volume embarcado para o mercado chinês em janeiro do ano passado. A receita gerada foi de US$ 28,9 milhões, aumento de 131% em relação ao ano anterior. Já Hong Kong aumentou as suas importações em 23%, com 17,2 mil toneladas exportadas em janeiro de 2018. A receita gerada teve aumento de 27%, totalizando US$ 34,8 milhões.

 

Mesmo que a dependência das vendas para o Leste Europeu esteja diminuindo, assim como os efeitos do embargo russo, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Eumar Novacki, está realizando missões constantes pela Ásia e Europa na tentativa de acabar com o entrave. Ele sinalizou ainda que a Coreia do Sul está prestes a abrir seu mercado, o que pode impulsionar ainda mais as vendas.

 

Grãos

 

Após um longo período de lentidão na comercialização da soja, o Brasil pode observar um aumento considerável nas vendas do grão, devido à alta de preços internacionais. Importantes regiões agrícolas da Argentina estão sofrendo com a escassez de chuvas desde novembro de 2017, mas os reflexos só se tornaram mais expressivos este mês, com baixa de 10 milhões de toneladas, dando aos produtores brasileiros mais oportunidades de exportação. Com isso, os estoques acumulados com a boa colheita da temporada passada (2016/17) começaram a ser liberados e os contratos com a safra que está sendo colhida agora ganham força. De acordo com a Conab, a produção nacional de soja deverá somar quase 112 milhões de toneladas neste ciclo.

 

Mesmo com redução prevista para esta nova safra, o suprimento total de milho no Brasil para este ano ainda será muito grande, o segundo maior da história, assim, os preços do grão tendem a se manter pressionados. Segundo projeção de oferta e demanda de 2018 realizada pela consultoria Safras e Mercado, os estoques remanescentes das grandes safras colhidas no ano passado estão estimados em um recorde de mais de 22 milhões de toneladas. Esse montante, somado com a produção da safra atual devem resultar em suprimento de mais de 112 milhões de toneladas, apenas 2 milhões abaixo do ano passado.

 

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, está otimista quanto ao panorama apresentado no início de 2018. “O preço do suíno está sendo pressionado pela economia ainda desaquecida e sobretudo pelo embargo russo. No curto prazo precisamos que o governo consiga derrubar o embargo, o que certamente trará reflexos positivos para o preço pago ao produtor. Por outro lado, o mercado de milho tem contribuído para amenizar o cenário. Neste momento o produtor precisa acompanhar bem de perto sua granja, focando a eficiência e a redução do custo de produção, pois a linha entre o lucro e prejuízo está muito tênue”, comenta.

 

Fonte: Suinocultura Industrial

 


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