A recuperação da economia e o consequente aumento do consumo de proteína animal devem fazer com que a indústria de produtos de saúde animal cresça de 7% a 8% em 2018. O setor movimentou R$ 5 bilhões em 2017, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).
“Quando há uma melhora da economia, imediatamente há um aumento do consumo de proteína”, afirma o vice-presidente executivo do Sindan, Emílio Salani. Caso a perspectiva se confirme, o setor movimentará R$ 5,4 bilhões neste ano. “Não é um crescimento de dois dígitos, mas pode ser uma injeção de ânimo para o setor”, avalia o dirigente.
Segundo ele, três das cinco principais companhias do setor devem divulgar seus resultados ao mercado na próxima semana. Ontem, a Ourofino reportou receita de R$ 505,3 milhões em 2017, aumento de 13,7% em relação ao ano anterior. Somente a área de aves, bovinos e suínos de produção da companhia faturou R$ 397,7 milhões, alta de 10,6%.
Ainda assim, Salani espera que o resultado consolidado de 2017 no setor repita os R$ 5 bilhões de 2016.
O ano passado foi marcado pela primeira etapa da operação Carne Fraca, que fechou mercados para exportação em um momento de crise no setor interno. Outro agravante foi a suspensão das exportações de carne bovina do Brasil “in natura” aos Estados Unidos apenas um ano após os norte-americanos terem dado início à importação do produto brasileiro. O País levou mais de uma década para conseguir abrir essa porta.
A ocorrência de abscessos em cortes enviados aos EUA, atribuídos a resíduos de vacina contra o vírus da febre aftosa, motivou a decisão e gerou debate e mudanças no segmento. “Foi um período difícil e de questionamento da vacina. De repente, todo mundo era especialista nesse assunto”, lembra o dirigente.
Ele não acredita, contudo, que a vacina – que responde por 6% a 7% do mercado de saúde animal – possa ser responsabilizada sozinha pela estagnação do mercado. “Considerando-se que foi um ano de crise, repetir o resultado do ano anterior já é importante.”
Na tentativa de reabrir o mercado norte-americano, o Ministério da Agricultura (Mapa) decidiu reduzir a dose da vacina de 5 ml para 2,5 ml e permitiu a retirada facultativa da saponina – substância que aumenta a resposta imune – da fórmula do produto. As novas doses passarão a ser administradas no rebanho bovino brasileiro em 2019. “As vacinas estão em análise e não sabemos se serão aprovadas”, afirma Salani. Segundo ele, 90 milhões de doses estão nas mãos do governo para avaliação.
Aftosa
No ano que vem, o setor terá pela frente o começo do processo de retirada da vacinação contra a doença no Brasil. A obrigatoriedade da aplicação das doses tem sido um alicerce importante para o segmento.
“O Sindan entende que este não é o momento adequado para esse movimento. Seria mais prudente dar início a esse processo em 2021 e não em 2019, como o governo pretende”, afirma Salani. Ele argumenta que o benefício da retirada da vacina é pequeno perto do risco de novos focos da doença.
Se o governo seguir o cronograma previsto, os primeiros estados a suspender a vacinação serão Rondônia e Acre. Salani calcula que, juntos, os estados demandem 24 milhões de doses, de um total de 330 milhões. “É um impacto pequeno e localizado”, diz. O Brasil tem um rebanho de 220 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos.
Ele espera um impacto mais significativo para o mercado quando a suspensão alcançar estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, o que deve ocorrer até 2021. “Quando chegarmos nesse ponto, será preciso interromper a produção”, afirma.
Dois desses estados, Rio Grande do Sul e Paraná, já solicitaram ao Mapa a antecipação desse prazo, para que possam acompanhar Santa Catarina, que é o único livre de febre aftosa sem vacinação, para que consigam acessar mercados que exigem esse status para exportação, como Japão, por exemplo.
Fonte: DCI