Brasília - O embargo da União Europeia (UE) ao frango brasileiro poderá tornar o produto mais barato no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A expectativa é de que o frango que seria exportado para a Europa seja comercializado no mercado interno, aumentando a oferta e fazendo com que o preço caia, sobretudo nos locais onde estão as unidades de produção proibidas de vender para o bloco.
“A gente deverá ter um impacto negativo no mercado interno por força de um excesso de oferta, em um primeiro momento. Mas é importante que se diga que essa oferta não será muito grande, porque o Brasil já vinha diminuindo as vendas para a Europa em um processo gradativo por conta dos critérios equivocadamente usados pelo bloco”, diz o vice-presidente de Mercado da ABPA, Ricardo Santin.
A União Europeia anunciou, na quinta-feira (18), que vai descredenciar 20 plantas exportadoras da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros produtos para os países que compõem o bloco econômico, formado por 28 países. Ao todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a ABPA. A lista oficial ainda não foi divulgada e, segundo a associação, o relatório da decisão deve vir a público em 15 dias.
Demissões - Além de uma maior oferta no mercado interno, a decisão, segundo Santin, deverá gerar demissões e afetar o trabalhador. “Vai haver uma adequação das empresas que não vão produzir se não tiverem mercado”, diz.
Santin ressalta que, atualmente, os trabalhadores de quatro plantas, sendo três da BRF - dona da Sadia e Perdigão - e uma da Aurora, estão de férias coletivas. “São 5 mil trabalhadores que não estão trabalhando”, lembra.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, diz que a decisão da UE é apenas comercial e que irá acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). A data para que isso ocorra ainda não está definida. O assunto já foi, segundo a pasta, levado ao presidente Michel Temer, e os estudos para a solicitação do painel junto à organização estão em andamento.
Seguro - Santin ressalta que o frango não oferece riscos à saúde e que os brasileiros podem comprá-lo sem preocupação. “O frango é a carne mais consumida no Brasil e a mais barata. Não há nenhum risco nesse caso, trata-se de um problema comercial”.
Ele explica que as salmonellas presentes na carne “são aquelas que morrem com cozimento, em temperatura acima de 70 graus Celsius. A água ferve a 100º, ou seja, qualquer processo de cozimento já inativa a bactéria. Ela (a bactéria) está presente em todo o mundo”.
De acordo com a ABPA, o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Ao longo de quatro décadas, o País embarcou mais de 60 milhões de toneladas de carne de frango, em mais de 2,4 milhões de contêineres, para 203 países.
As vendas para a UE, no entanto, têm apresentado quedas. Em 2017, o Brasil, de acordo com o governo, exportou 201 mil toneladas para o bloco. Em 2007, chegou a exportar 417 mil toneladas.
Fonte: Diário do Comércio de Minas